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"Um Merlin" à espera de patrocínio

O ator Antônio Petrin tem em mãos um ótimo texto, bons atores, diretor experiente e uma produção simples. Mas para fazer a peça Um Merlin sair do papel, está à cata de patrocinadores

Por Agencia Estado
Atualização:

O ator Antônio Petrin acaba de fazer uma longa temporada com o monólogo A Última Gravação de Krapp, de Samuel Beckett, sob direção de Francisco Medeiros. Acaba não, porque ele continua apresentando o espetáculo pelo interior de São Paulo. "Viajei muito com essa montagem e continuo viajando. As pessoas costumam dizer que Beckett é difícil. Fiz para espectadores que estavam indo ao teatro pela primeira vez e a recepção foi maravilhosa. Esse público vinha conversar comigo depois do espetáculo muito emocionado", diz. "O problema é que depois de atuar numa peça de Beckett a gente fica procurando uma coisa muito especial para levar ao palco." Ao compartilhar sua procura com o dramaturgo Luis Alberto de Abreu (O Livro de Jó) acabou por receber de presente um texto escrito especialmente para ele - Um Merlin. A história do sábio da corte do Rei Artur, da Távola Redonda, fascina Abreu há anos. Para Petrin, Abreu trabalhou sobre a última aventura de Merlin, a paixão por Niniane, uma jovem de 20 anos. Tendo na mão um texto bem urdido, no qual Abreu mescla com maestria narração e ação, passado e presente, reflexão e humor, Petrin conseguiu a adesão do diretor Roberto Lage e da jovem e talentosa atriz Simone Spoladore. "Ela leu o texto, ficou encantada e topou a empreitada, claro, com a condição de a gente conseguir produzir a peça." Um Merlin tem apenas dois atores, embora haja mais personagens. Projeto aprovado pela Lei Rouanet, bons atores, diretor experiente, produção simples, texto encantador. Fácil conseguir patrocínio? Engano. Há meses, Petrin vem tentando sensibilizar patrocinadores. "Não é uma produção cara, mas também não é possível fazer sem nenhum apoio." A peça começa com um velho ator entrando em cena. Ele agradece ao público por estar ali, "pessoas especiais, pessoas que se movem de casa e acorrem ao chamado de um estranho". Cita Elliot - "Recordai a fé que arrancou o homem de casa ao chamado do profeta errante." E continua - "Não sou profeta, mas talvez eu seja um errante e, com certeza, vocês saíram de casa animados por essa fé. A fé que este desconhecido, este velho ator, este fingidor, que erra pelos palcos possa tocar com dedos leves a corda mais viva de seus corações. A fé que este velho ator possa, sobre este tablado, desfigurar-se em risos, em gestos e em dores da alma, tão fundas que lhes faça acreditar, por momentos, que vida é o que acontece dentro dos limites deste palco. Porque é. Por momentos, é!" Após o prólogo, o ator veste um manto e passa a interpretar Merlin. Encontra então uma jovem desmemoriada, Niniane. O humor dá o tom desse primeiro encontro, na tolice da jovem em contraste com a sabedoria irônica de Merlin. A relação se inverte quando ele se apaixona, afinal, o apaixonado é um tolo. A paixão interrompe o caminho do sábio que pensava cumprir uma última missão. Ele havia descoberto os problemas do país que construíra, pensando ser o ideal. Descobrira que para além dos muros de seu país havia crianças sem viço no olhar, sem sonhos, a pior conseqüência da miséria. Mas quando, finalmente, Niniane recupera a memória, Merlin entende porque deve ficar ao lado dela. "Um país é maior que um homem, que um grupo deles. E se uma obra como essa, se meu país se afogar na decadência, na violência, na corrupção, é porque não foi digno dos melhores sonhos de sua gente. Minha obra vai sobreviver a mim", diz Merlin ao tomar sua decisão. Vai ser preciso esperar um pouco mais para entender exatamente o que leva Merlin a tomar essa decisão. Esperar pela realização da montagem, aprovada pela Lei Rouanet para captação até R$ 550 mil. "Claro que esse valor inclui divulgação e promoção, o que sai muito caro." Possíveis patrocinadores devem entrar em contato com a produtora Sônia Cristina Kavantan, pelo tel. (11) 30226587 ou pelo e-mail kavantan@uol.com.br.

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