Um livro atarracado, só com contos nanicos

Veronica Stigger explora humor e concisão em 'Os Anões'

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Por Raquel Cozer
Atualização:

Continhos. A autora gaúcha lança sua obra amanhã. Foto: Leonardo Soares/AE

 

À primeira vista, parece ter 400 páginas o novo título de contos de Veronica Stigger, mas é a espessura que engana. São apenas 61, em papel cartonado, grosso, o que dá ao pequeno volume aspecto atarracado. A proposta, nas palavras da escritora e crítica de arte gaúcha, é que o formato "reitere o caráter anão do livro".

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Não poucos detalhes corroboram essa característica em

Os Anões

, que sai agora pela Cosac Naify. A começar pela epígrafe, pinçada de texto do poeta Carlos Drummond de Andrade sobre "um continho bobo, anão, contente da vida". Daí em diante, intercalam-se microcontos de três linhas, textinhos em forma de anúncio e minirroteiros para curtas-metragens. A narrativa de proporções mais ambiciosas tem somente seis páginas.

Seria algum tipo de obsessão com gente de baixa estatura- De fato, a origem de tudo está na frase "Ele tinha a altura de um pigmeu, e ela batia na cintura dele", que um dia ocorreu à autora como ideia para abrir um texto e ficou guardada, sem conclusão. A sentença surge agora no início do conto-título, o primeiro da obra ? e também o único a abordar anões propriamente ditos, o que faz entender que a pequenez que atrai Veronica não tem relação com a altura de ninguém.

"O que me interessava era trabalhar variações de gêneros, como já havia feito no

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Gran Cabaret Demenzial

(2007), que tem textos em forma de legendas, de palestras, de peça de teatro", afirma a escritora.

Essa não é a única semelhança entre os títulos. Como naquele, aparece aqui o interesse pelo imprevisível e pelo absurdo - o que levará, por exemplo, a dupla baixinha do conto inicial a causar comoção na fila de uma confeitaria por permanecer "em cima do banquinho a perguntar sobre doces e a pedir provinhas" sem pressa nenhuma (o resto não se pode contar, sob risco de tirar o impacto do conto anão).

A concisão, ela avalia, foi peça essencial para trabalhar o absurdo nos novos textos. "A maneira de narrar serve a ressaltar o que quero na história. Para o conto

O Teleférico

, fiz várias versões, sempre cortando um pouco, até chegar ao ritmo perfeito para destacar o sentido", conta, referindo-se a um dos textos mais longos do volume, de três páginas.

A obra será lançada amanhã junto a outra de fato destinada a pessoas miúdas. Trata-se de

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Dora e o Sol

(34), estreia de Veronica na literatura infantil, em parceria com Fernando Vilela, baseada na história real de uma vira-lata que vive com a mãe da autora.

 

OS ANÕES

Autora:

Veronica Stigger

Local:

Livraria da Vila. Rua Fradique Coutinho, 915, 3814-5811. Amanhã, 17 h

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