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Um liberal que disse não ao regime nazista

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Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

O cinema de Fritz Lang influenciou outros colegas cineastas, entre eles o francês Claude Chabrol e o inglês Alfred Hitchcock. Buñuel atribuiu ao clássico do expressionismo alemão A Morte Cansada (Der Müde Tod/Destiny, 1921) a razão de seu ingresso no mundo do cinema. Há várias razões que explicam a ressonância dessa obra, sendo a principal delas sua capacidade de combinar temas de apelo popular com um sofisticado aparato técnico. Lang cercou-se, tanto na Alemanha como nos EUA, dos melhores diretores de fotografia, grandes atores e, principalmente, produtores. Metrópolis (1927), distopia sobre uma sociedade dividida entre duas classe sociais, custou aos cofres da UFA uma pequena fortuna. Esse cinema de grandes ambições chamou a atenção do ministro de Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, que o teria convidado para dirigir a produtora alemã. Lang, dizem, não aceitou a oferta, mas sua mulher, a roteirista Thea von Harbou (1888-1954), decidiu ficar na Alemanha e aliar-se aos nazistas.Lang, ao contrário, sempre se mostrou fiel aos aliados. Desde os tempos de As Aranhas (1919/20) e Os Espiões (1928) provou sua simpatia pelos heróis americanos e ingleses. Metrópolis, antes de ser apenas uma ficção científica sobre um futuro de luta entre capital e trabalho, parece acenar com a possibilidade de reconciliação entre senhores e escravos rebeldes, assumindo a defesa dos ideais democráticos.Os 21 filmes de Lang feitos nos EUA, ainda que adotem a linguagem dos thrillers, tratam de temas relacionados à luta contra regimes totalitários - o que fica claro em Quando Desceram as Trevas e num dos próximos títulos que serão lançados pela Versátil, Guerrilheiros das Filipinas, ambientado durante a guerra e francamente desfavorável aos japoneses. 

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