17 de maio de 2014 | 02h08
Foi um dia de astros e estrelas de Hollywood nas coletivas de Cannes - Ryan Reynolds e Rosario Dawson pelo filme de Atom Egoyan, The Captives; Cate Blanchett, pelo de Dean Deblois, Como Treinar Seu Dragão (2). Vale voltar a uma fala de Rosario em Cativas, quando ela diz ao colega que vira o rosto para não ver, na internet, o horror que os pedófilos fazem com crianças. Egoyan não mostra para a gente o que revolta seu personagem, mas a diretora israelense Keren Yedaya o faz em Loin de Mon Pere, Longe de Meu Pai, que integra a seleção oficial na seção Un Certain Regard.
Em vários momentos, o repórter desviou o olhar da tela, porque o que estava vendo beirava o insuportável. Longe de Meu Pai é o candidato a filme escândalo deste ano por apresentar o pior ser humano do mundo numa ficção. Moshe é o personagem, vamos salvaguardar o ator, que faz tão bem o papel que deixa o público revoltado. Longe de Meu Pai encara o tema-tabu do incesto. Conta a história de uma garota amante do próprio pai. Ele abusa dela, mas, apesar disso, a garota o idolatra. Morre de ciúmes e, quando ele traz a namorada para jantar, ela some de casa e vai parar no meio de um bando de jovens, na praia, e eles, naturalmente, também abusam dela.
Este ano, o começo está sendo duro. A história de uma prostituta velha e gasta que não quer largar o cabaré (Party Girl), o pai abusivo do filme de Karen Yedaya. A diretora situa sua história em Israel, mas diz que ela é universal. É de chorar sobre o estado do mundo. / L.C.M.
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