Um arquivo para guardar legado

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Por Helena Katz
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADOPina Bausch (1940-2009) sabia da importância de um arquivo para uma companhia como a que criou. Tanto, que distribuiu a tarefa de construí-lo para alguns de seus bailarinos, dentre os quais a brasileira Regina Advento. Cada um deles deve apontar qual filmagem será digitalizada e, assim, chegará ao futuro como referência de cada um das suas criações. Por telefone, Regina contou ao Estado como anda esse projeto."Pina me pediu para cuidar da primeira produção que fiz na companhia, Ein Trauerspiel (1994). Todo o nosso material está em suportes diferentes, desde VHS, Super 8 e DVDs. Tudo será arquivado, mas somente um dos registros será digitalizado em um sistema novo, cujo alto custo impede mais de uma digitalização para cada obra."O trabalho consiste em assistir a dezenas de gravações de cada espetáculo que foram consideradas boas, classificar cada uma delas e eleger a que passará para o novo sistema."A classificação tem dois parâmetros: técnico e artístico. É necessário informar a duração, pois há diferença de tamanho entre as apresentações, se a filmagem é em close ou em meio close, como estão a iluminação, o som e a câmera, os detalhes técnicos da feitura daquela gravação." O arquivo tem papel central na continuidade da companhia. Agora mesmo, estão ensaiando Two Cigarrettes in the Dark, de 1985, a primeira produção dos novos diretores artísticos, Dominque Mercy e Robert Sturm, que assumiram a cia. depois da morte de Pina Bausch.Regina Advento não tinha um papel importante em Ten Chi (2004), a coreografia trazida para a turnê brasileira, mas como está substituindo Nazareth Panadero, que precisou operar o joelho, aumentou a sua presença na obra. "São cenas muito diferentes das que habitualmente faço. Já havia substituído Nazareth duas vezes, mas não inteiramente, pois Pina dividiu, na ocasião, o papel dela entre Cristiana Morganti e eu. Mas como Cristiana também não pôde vir, assumi tudo. Foi um grande presente."

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