Ulisses Cohn expõe cenário em Londres

Selecionado entre cem trabalhos, seu projeto de cenário para a peça Jeff Koons está exposto no saguão do National Theatre, em Londres

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Por Agencia Estado
Atualização:

Indicado para o Prêmio Shell 2003 pela criação do cenário da peça Otelo, em cartaz no Galpão do Folias, o paulistano Ulisses Cohn tem agora um de seus trabalhos exposto no saguão do National Theatre, em Londres. Trata-se das maquetes de uma cenografia criada por ele para a peça Jeff Koons, do alemão Rainald Goetz. Na exposição, junto com ele, estão outros 12 cenógrafos - Cohn é o único brasileiro - selecionados entre mais de cem concorrentes de um concurso bienal de cenografia. Tudo começou quando Ulisses Cohn foi fazer mestrado no Central Saint Martins College of Art and Design, graças ao recebimento da Bolsa Virtuosi, patrocinada pelo Fundo Nacional de Cultura. Já no período final de seu curso, ano passado, tomou conhecimento de um concurso bienal de estímulo a designers que estivessem concluindo graduação ou mestrado na Inglaterra. Decidiu inscrever-se. "Na primeira seleção ficaram 30 e, ao fim, sobraram 12", conta Cohn. Esses 12 receberam a tarefa de criar cenários para companhias inglesas. A Cohn, coube criar o cenário da peça Jeff Koons para a londrina Actors Turing Company (ATC). "A peça é baseada na vida do artista plástico Jeff Koons, mas não tem personagens definidos. São cenas superpostas, pula-se de um espaço para outro, uma peça bem ao estilo dessa nova dramaturgia contemporânea inglesa à qual pertence Sarah Kane, por exemplo." Norte-americano, nascido em 1955, Jeff Koons é um artista contemporâneo, com criação na linha pop, que se casou com Ilona Staller, a Cicciolina, uma das ´presenças´ do espetáculo. "O grupo ATC ocupa um galpão de 15 metros por 20, com pé-direito muito baixo, apenas 2,8 metros de altura, um espaço por si só difícil." Ali era preciso criar, de forma a permitir passagens rápidas, os ambientes sugeridos pelo texto - discoteca apartamento, rua, ateliê e galeria. "Criei painéis móveis - telas em voil sobre estruturas metálicas com rodas - que são pintados pelos atores ao longo do espetáculo", explica Ulisses Cohn. "Com elas, os atores vão criando espaços dentro do espaço." Assim, na primeira cena, que se passa numa discoteca, as telas cercam o ambiente. Subitamente, os atores movem as telas e o público vê as cadeiras ao redor do espaço, onde se senta, para acompanhar a cena seguinte, no apartamento do artista. As telas, transparentes, servem para delimitar um espaço onde estão, supostamente, Jeff Koons e Cicciolina fazendo sexo. Alguns atores ´pintam´ essa cena em outras telas, como se o casal fosse modelo vivo. Em seguida, o espaço é a rua. As telas, dispostas em diagonal, formam então uma parede. Semipintadas, funcionam como se fosse um muro pichado. A cena seguinte é no estúdio do artista. Há um intervalo. Ao voltar, o espectador percebe que as cadeiras viraram esculturas e todos participam de um vernissage. Num dado momento, uma briga ´desmancha´ a escultura de cadeiras. Cabe ao espectador pegar a sua cadeira para acompanhar com mais conforto, se quiser, a cena seguinte, uma festa no apartamento do artista. "A idéia é que todo o espetáculo seja um processo real de criação plástica e teatral." Idéia plenamente aprovada pela companhia. A exposição com as maquetes de Cohn e dos outros 11 cenários fica em cartaz até o dia 7.

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