TV exibe mundos em conflito no Dia da Mulher

Documentários do GNT investigam o universo das mulheres liberadas de Sex and the City e o das reprimidas do Islã

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Por Agencia Estado
Atualização:

Comemorando o Dia Internacional da Mulher, o canal GNT programou para hoje e amanhã, na faixa GNT.Doc, A Verdade sobre Sex and the City e O Islã Revelado. Os dois documentários sobre esse conflito entre o mundo ancestral e o contemporâneo são programas explosivos. O documentário inédito sobre a série de televisão que escandalizou a classe média, Sex and the City (segundas, às 22h45, no Multishow), parece falar de marcianas ao lado das mulheres venusianas de O Islã Revelado - muçulmanas de burca que nem sequer imaginam o que é sair à noite, caçar homens num clube noturno, beber feito um gambá ou mesmo pagar por sexo anônimo, como fazem as liberadas garotas nova-iorquinas. Ao contrário do que se possa imaginar, muitas das mulheres muçulmanas que vivem hoje nas grandes capitais do Ocidente não invejam nem um pouco a sorte das garotas de Sex and the City. Comparando os dois documentários, o programa das garotas loiras, independentes e descoladas parece menos interessante. Fala de um mundo laico, hedonista e consumista que perdeu o rumo há tempos. Helen Gurley-Brown, fundadora da Cosmopolitan - uma sofisticada revista feminina -, lembra que a educação repressora do passado provocou uma reação à altura. Gurley-Brown é do tempo em que uma garota desvirginada só tinha uma opção: pular do Grand Canyon. Hoje, elas escrevem em jornais e ganham dinheiro com suas fantasias sexuais, como Candance Bushnell, cuja coluna deu origem à série Sex and the City. Candance é uma da entrevistadas no documentário. Não parece ter muito a dizer. O outro lado do "paraíso" é o mundo das mulheres islâmicas. O documentário, dividido em duas partes, surpreende porque, ao contrário do que se supõe, muitas mulheres muçulmanas são favoráveis a um retorno ao mundo arcaico. No documentário O Islã Revelado, a guia escolhida para ingressar no mundo islâmico é uma universitária que mora em Londres e cita o Alcorão a cada cinco segundos. Mulheres, como se sabe, não são admitidas nos grupos de estudo do livro sagrado dos muçulmanos. Sem ligar a mínima, ela não só interpreta o Alcorão como afirma, categórica, que nenhuma passagem recomenda a obrigatoriedade da circuncisão feminina. Corte para uma cena de hospital, onde uma garota de 16 anos, grávida, é atendida num pronto-socorro. O médico de plantão, por conta própria, provoca um aborto. Um outro profissional do ramo defende a mutilação do clitóris como meio de conter a pulsão sexual feminina. Como controlar o impulso sexual dos jovens numa religião que conta com mais de 1 bilhão de fiéis em todo o mundo? Atrás de uma resposta, os documentaristas viajam por países muçulmanos, entrevistam garotos e garotas que usam a internet, vão ao cinema e assistem televisão e - eles juram - jamais trocaram fluidos amorosos. As respostas não convencem o espectador ocidental. O aspecto histórico de O Islã Revelado fica por conta da Revolução Islâmica de Khomeini. O documentário traz cenas do xá da Pérsia, Reza Pahlevi, desfilando pela última vez com sua mulher, em trajes ocidentais, antes que os mulás tomassem o poder e obrigassem as mulheres - que estudavam em universidades, a despeito do regime de terror de Pahlevi - a usar a burca. Serviço - "A Verdade sobre ´Sex and the City´". Hoje, às 23h30, com rprise nos dias 9 e 13. "O Islã Revelado". Amanhã e quarta-feira, às 23h30. GNT (canais/operadoras: NET, 41; SKY, 41)

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