'TUDO NELE ERA MUITO ESTUDADO'

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Por Redação
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Você se recorda do seu

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primeiro contato com a música de Tom Jobim? E que lembranças o senhor tem do seu primeiro encontro com o maestro?

Meu primeiro contato com Tom foi quando estava produzindo Inútil Paisagem, meu primeiro disco no Brasil, que era todo instrumental, com músicas de Tom. Gravamos na antiga RCA e eu tocava o piano acústico. Tom gostou tanto deste trabalho que decidiu escrever a contracapa. Foi quando surgiu a famosa frase dele: "Meu Deus, quanta coisa boa Deus deu ao Deodato".

Tom gostou tanto do seu

arranjo para Garota de Ipanema que passou a incorporá-lo em seus shows e gravações. Conte como era a troca entre os senhores, dois grandes maestros.

Isso aconteceu quando a gente trabalhou na trilha do filme Garota de Ipanema, de Leon Hirszman. Fiz um arranjo totalmente diferente da música, com várias modulações e ele adorou. Nós tínhamos uma química muito boa para trabalhar juntos, nas coisas mais simples e também nas mais complicadas. A gente sentava, conversava, eu entendia o que ela queria e depois mostrava a ele as minhas ideias. Eu sempre encontrava um acorde diferente do dele e era isso o que Tom mais gostava!

Na sua opinião, como músico brasileiro que vive nos EUA e que trabalha no mundo inteiro, de que forma a música do Tom abriu portas para a nossa música e também para o trabalho dos nossos músicos no exterior?

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Aquela gravação de Tom nos EUA foi uma chave. A partir dali, a música brasileira, a bossa nova, foi absorvida pelo jazz, incorporada mesmo, dando origem ao samba-jazz, bossa-nova jazz. Hoje em dia, 90% das batidas do jazz são tiradas da nossa música. Quando a gente copia a batida funk de The Way of the World, do Earth, Wind & Fire, está copiando a gente mesmo sem saber.

Tom atestou a grande admiração que tinha pelo seu trabalho. E o senhor, o que mais admira na obra

de Tom?

As músicas de Tom eram todas muito estudadas, elaboradas, assim como faziam os músicos de antigamente, como Beethoven. A ideia básica podia vir de repente, mas depois disso Tom trabalhava muito em cima de cada canção.

Se tivesse que escolher uma obra-prima de Tom, qual seria?Sabiá é uma das minhas

favoritas e ele pediu para que eu fizesse o arranjo para o

Festival Internacional da

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Canção e também para o

disco de Frank Sinatra.

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