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Tudo de novo no templo da música

Auditório Ibirapuera ganha sistema de patrocínio permanente do MinC e vira um centro de referência

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

 

 

 

Auditório acaba de completar 5 anos. Nova meta é "promover reflexões e ações contemporâneas para a relação entre música, sociedade e economia"

 

 

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O Ministério da Cultura, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e o Instituto Auditório Ibirapuera (IAI) anunciam hoje um novo modelo de gestão pública de um equipamento cultural. Após se tornar órfão do patrocínio da empresa de telefonia TIM, em fevereiro, o Auditório estava prestes a ficar sem recursos de manutenção, mas o governo federal resolveu adotá-lo. Será destinada, nos próximos dois anos, a quantia de R$ 13 milhões para a instituição, que muda de perfil e passa a se constituir no Centro de Referência da Música Brasileira (CRMB).

Segundo o governo federal, o Auditório Ibirapuera abre o que está sendo chamado de Programa Permanente de apoio a Instituições Culturais. "Essa parceria com a Prefeitura de São Paulo e o instituto pretende redefinir as condições de sustentabilidade de uma instituição cultural no País", disse José Luiz Herência, secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura. "O MinC passa a reconhecer instituições modelares, que desenvolvem um trabalho fundamental e único em sua área no País, e passa a sustentá-las diretamente", explica o secretário de Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil.

Inicialmente, o convênio entre MinC, Prefeitura e Instituto receberá R$ 5 milhões do tesouro federal, recurso direto (não incentivado). No ano que vem, receberá o restante. Atualmente, o Auditório mantém uma orquestra, uma escola de música (com cerca de 120 alunos) e uma programação anual muito elogiada. "Reconhecemos antes de tudo a excelência da programação e a vocação de se constituir num centro de reflexão sobre a música brasileira", disse Herência.

Projetado em 1950 por Oscar Niemeyer, o Auditório foi construído e doado pela TIM Celular à Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Marta Suplicy e inaugurada pelo então prefeito José Serra em 2005. Durante 5 anos, o espaço foi mantido pela TIM Celular por meio de uma parceria que contava com a doação anual de R$ 7 milhões sem incentivo fiscal. Além dessa doação, o orçamento do Instituto era composto pela soma da receita da bilheteria e aluguel da casa para eventos fechados, num total anual de R$ 10 milhões. Com a saída da TIM, Mario Cohen, diretor do Instituto Auditório Ibirapuera, entrou em negociações com o governo federal. Se o convênio não fosse fechado, o Auditório já começaria a enfrentar prejuízo na programação e nas atividades educacionais.

O CRMB começará a funcionar já em julho, segundo Mario Cohen. Terá como objetivo "promover reflexões e propor ações contemporâneas para a relação entre música, sociedade e economia". Será formado por núcleos de estudo que vão atuar em diversas áreas, como Economia da Música, Fomentos e Incentivos, Circulação e Difusão, Planejamento e Gestão Pública. E promoverá palestras, workshops, mesas-redondas, congressos e simpósios.

O governo aposta num modelo semelhante a um Kennedy Center for the Performing Arts (Washington), por exemplo, em que a bilheteria arca com parte substancial dos custos. "Há uma ideia falsa de que a atividade cultural será sempre deficitária, e isso é uma bobagem", disse Herência. O patrocínio federal não impede a busca por recursos privados, diz Cohen. O secretário Calil acha a iniciativa importante por começar modelo novo de financiamento à cultura. "Hoje, existe uma economia falsa da cultura no País. As leis de incentivo estão falidas, e seu resultado muitas vezes encarecem muito o custo dos projetos culturais", avalia.

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