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Troca de acusações marca eleição na CBL

Candidatos à presidência da mais importante entidade de classe do mercado editorial têm trocado denúncias de comportamento antiético

Por Agencia Estado
Atualização:

A menos de duas semanas da primeira eleição disputada entre duas chapas na Câmara Brasileira do Livro desde os anos 1980, as duas concorrentes têm trocado acusações de comportamento antiético. A CBL organiza anualmente o Prêmio Jabuti e, a cada dois anos, a Bienal do Livro de São Paulo. É a mais importante entidade de classe do mercado editorial brasileiro e reúne, além de editores, livreiros e distribuidores. Hoje, circulou por e-mail uma carta enviada pelo candidato à presidência José Henrique Grossi, apoiado pela atual gestão, de Raul Wassermann, ao ex-presidente da CBL Altair Brasil. Brasil contestara afirmação de Grossi de que a gestão de Wassermann cobrira um rombo de R$ 1 milhão e ainda comprara uma sede para a CBL. Brasil apóia a chapa liderada por Oswaldo Siciliano, dono da rede de livrarias que levam seu sobrenome. Grossi contestou a versão de Brasil. Diz que a gestão do ex-presidente deixou pelo caminho a organização do Salão do Livro de 1999, cuja receita serviu para o "pagamento de dívidas deixadas pelo seu antecessor na presidência da CBL, fruto da total falta de controle administrativo durante a participação do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt, em 1994". Segundo Grossi, uma auditoria sobre o salão de 1999 "comprova um prejuízo da ordem de R$ 444.522,29 no referido evento". Outras refregas - A troca de críticas entre Grossi e Brasil é apenas parte das acusações trocadas nos últimos dois meses entre as chapas. Ontem, ao Estado, Oswaldo Siciliano se queixou da imparcialidade de Raul Wassermann. Num boletim digital da entidade, Wassermann se queixou da utilização na campanha de Siciliano de um encontro que ele teve com o ministro da Educação, Cristovam Buarque. "Quem quer que se apresente junto a ministros, graças ao acesso de amizades e ligações pessoais, escamoteando o fato de ser candidato em uma eleição democrática, está desrespeitando o prestígio alcançado pela nossa entidade. (...) E é sintoma de fenômenos políticos muito conhecidos no Brasil", escreveu Wassermann no editorial "Tudo vale a pena?". "Vou dizer para você: muitas pessoas associadas acham que ele está desesperado por algum motivo, acham que tem algum problema na Câmara", respondeu Siciliano. Ainda segundo ele, Wassermann não deveria integrar a chapa de Grossi como conselheiro fiscal. "É como se o Serra tivesse ganho a disputa à Presidência e colocado o Fernando Henrique como presidente do Tribunal de Contas." Siciliano diz ainda que a chapa de Grossi também inscreveu 11 novas empresas - mas sem passar pela reunião da diretoria. A campanha de Grossi também se queixa de a chapa de Siciliano ter apresentado 35 novos associados, a maioria de fora do Estado de São Paulo, recentemente. Boa parte deles dando procuração para membros da chapa de Siciliano votarem na eleição. Num texto intitulado "Um Golpe Eleitoreiro Inaceitável", afirma que se sabe "que agora se preparam para propor mais 25 novos sócios". "Admitidos, esses 60 novos filiados (representam) mais de 15% do atual colégio eleitoral." A medida não é ilegal, mas é considerada "antiética" por Grossi. "A minha restrição à atuação da chapa do sr. Siciliano é que nem sempre ela usa métodos lícitos." Apesar das queixas de ambas as partes, tanto Grossi quanto Siciliano afirmam que sairão unidos e que, em caso de derrota, apoiarão o vencedor. Durante a campanha, vários temas problemáticos do mercado têm sido discutidos abertamente. A chapa de Siciliano, por exemplo, propôs a criação de um espaço nas livrarias para pequenas e médias editoras associadas à Libre - "nem todas pequenas ou médias", seguindo Siciliano -, entidade que organiza a Primavera dos Livros. Membros da Libre que apóiam Grossi consideram a proposta demagógica. E Grossi afirma que Siciliano nem sempre trabalhou para todo o mercado editorial. Outra questão que veio à tona é a complicada relação entre as editoras ligadas às universidades, ligadas à Abeu (Associação Brasileira de Editores Universitários) e aquelas que também publicam livros voltados a alunos e professores do ensino superior. A Abeu pediu que as duas chapas enviassem suas propostas para os editores universitários, depois de declarações de Wassermann sobre supostos privilégios das universitárias.

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