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Tributo à aprendizagem do olhar

É o que faz o artista Sergio Fingermann em seus novos livro e exposição

Por Camila Molina
Atualização:

Se fosse poeta, o artista Sergio Fingermann queria ser o João Cabral de Melo Neto que "fala pouco e baixo", com concisão. É que desde 2001 ele vem se dedicando a, além de criar suas pinturas e gravuras, realizar de forma paralela livros de uma pretensão não-literária, mas como forma de colocar o testemunho de sua experiência artística e, ao mesmo tempo, transmitir diretrizes para se aprimorar o olhar. "É uma missão de atingir pessoas pela sensação ou pela precisão de pensamento", diz Fingermann, que hoje inaugura a exposição Partes do Todo, na Dan Galeria, e lança, na ocasião o livro Uma Aprendizagem, pela editora Bei.Na mostra, em conjunto de 17 pinturas a óleo sobre tela (em grande formato) e sobre papel, são imagens de interiores, com escadas, que predominam. É um trabalho figurativo, mas motivado para além da representação - interiores como espaços vazios e de silêncio e escadas como o lugar de passagem se transformam em metáfora, artifício para se promover uma "experiência de ilusão". Interessa a Fingermann, como ele diz, colocar ao espectador, por meio de um jogo de perspectivas (na pintura), uma espécie de questão metafísica: "Em se iludindo, o que se vê na ilusão?/ se afastando da concretude, chega-se à transcendência?". "O assunto é o vazio e pensei até em usar como título as palavras "pintura, dentro"."Já o livro Uma Aprendizagem (edição bilingue) é a criação de um relato a partir de uma experiência pessoal, a de olhar, "desde que nasceu", há 57 anos, uma tela do artista Aldo Bonadei (1906-1974) na casa de sua família. "Poderia ser qualquer pintura, foi um pretexto", ele diz, para tratar de uma "travessia" entre olhar e apreender olhando.SERGIO FINGERMANN - PARTES DO TODODan Galeria. Rua Estados Unidos, 1.638, 3083-4600. 10h/ 19h (sáb., 10h/ 13h; fecha dom. e 2ª). Grátis. Até 6/9. Abertura hoje, às 10h

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