22 de abril de 2010 | 00h00
Está faltando diálogo entre a superfície e o interior da Terra. Nós, da crosta, estamos claramente sendo atacados pelas profundezas, sem meios para revidar. Placas tectônicas se movem sub-repticiamente, derrubando nossas edificações e comprometendo nosso equilíbrio, e produzindo maremotos que completam a destruição. Quando parece que tudo serenou, explode um vulcão, a arma de fogo da Natureza, de surpresa, para nos manter desorientados e enfatizar nossa impotência. Queremos uma trégua mas não sabemos para quem apelar. Queremos negociar mas não temos intermediários. Quem falaria por nós na língua soturna das profundezas, que só se comunica com catástrofes? Com quem acertar os termos da nossa rendição? Talvez se deva tentar as virgens de novo.
Há quem diga que o que está acontecendo é um contra-ataque. Tanto fustigamos a Terra que ela é que estaria revidando. Sei não. Nossa invasão do subterrâneo tem sido limitada. A busca do petróleo mais intensa, as minas mais profundas, a exploração de cavernas mais extensa não pode ter significado mais do que cócegas na epiderme da Terra. A reação seria desproporcional à agressão.
Seja como for, queremos o fim das hostilidades.
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