"Em uma noite de sexta-feira de setembro de 1967 (pelo que me lembro, a noite anterior a meu aniversário), fomos deixados sozinhos por nossos oficiais, que rumaram para Jerusalém em sua noite de folga. Um palestino idoso que fora detido numa estrada carregando uma grande soma de dólares americanos foi levado para a sala de interrogatório. Enquanto estava postado do lado de fora do prédio no destacamento de segurança, levei um susto com os aterrorizantes gritos vindos do interior. Entrei correndo, subi em um caixote e, pela janela, observei o prisioneiro amarrado a uma cadeira enquanto meus bons amigos espancavam-no por todo o corpo e queimavam seus braços com cigarros em brasa."
"Depois de muitos séculos vivendo com a autoimagem de "povo escolhido" (que preservou e reforçou a capacidade dos judeus de suportar a humilhação e perseguição contínuas), depois de quase dois mil anos da insistência cristã em ver os judeus como descendentes diretos dos assassinos do filho de Deus, e, mais importante, depois do surgimento (ao lado da tradicional hostilidade antijudaica) de um novo antissemitismo que tachou os judeus como membros de uma raça estrangeira e contaminadora, não foi uma tarefa fácil desconstruir a visão "étnica" dos judeus produzida pela cultura europeia."