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Todos os caminhos da ficção

Da crônica ao romance, obra de Moacyr Scliar, morto ontem, é marcada pelo trânsito espontâneo entre gêneros

Por Raquel Cozer
Atualização:

O escritor gaúcho Moacyr Scliar, que havia sofrido um acidente vascular cerebral isquêmico ) e estava internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre desde 17 de janeiro, faleceu, aos 73 anos, na madrugada de sábado para domingo, vítima de falência múltipla de órgãos. O velório foi realizado na tarde de ontem, no salão Júlio de Castilhos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O sepultamento, aberto apenas para familiares e amigos, estava previsto para a manhã de hoje, no Cemitério Israelita de Porto Alegre"Não preciso de silêncio, não preciso de solidão, não preciso de condições especiais. Preciso só de um teclado." Em meio a dezenas de depoimentos de autores sobre as mais diferentes manias no momento de escrever, publicados desde o início do ano passado no blog do escritor Michel Laub, o de Scliar se destacou pelo pragmatismo: para o criador prolífico e naturalmente inspirado, o único impedimento para a escrita seria a falta da ferramenta com a qual levá-la a cabo. Tanto era assim que, em quase 50 anos de carreira literária, o porto-alegrense publicou mais de 80 livros - o primeiro, Histórias de um Médico em Formação, em 1962, mesmo ano em que concluiu a faculdade de medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; e o mais recente, o romance Eu Vos Abraço, Milhões, em setembro do ano passado. Entre um e outro, publicou romances e livros de crônicas, contos, literatura infantil e ensaios, numa média de mais de um livro por ano, com destaque para O Ciclo das Águas, A Estranha Nação de Rafael Mendes, O Exército de um Homem Só e O Centauro no Jardim.

 

 

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REPERCUSSÃOMarcos Vilaçapresidente da ABL"Foi um acadêmico múltiplo. Trabalhador incansável da cultura, produziu uma obra respeitável e de grande poder de comunicação com o leitor. Vai nos fazer muita falta."Cristovão Tezzaescritor"Foi o grande narrador brasileiro dos anos 80. A leitura de O Centauro... foi um choque para mim, pela novidade temática, pelo poder da fantasia.Foi um clássico contador de histórias."Fabrício Carpinejarescritor"Ele estava sempre ao nosso lado, disposto a entender e a investigar a alma das coisas. Como nos quadros de Chagall, seus textos encontravam alegria e cor nas desventuras."Dilma Rousseffpresidente da República"Ele representou nossa sociedade em diversos gêneros, sem perder de vista sua condição de filho de imigrantes e médico. É com tristeza que nos despedimos de um mestre."

Luiz Schwarczescritor e editor

"Sua imaginação trabalhava sem parar. Moacyr Scliar tinha um olhar único, com ele criava um mundo fantástico no qual o humano estava sempre a serviço da literatura."

Daniel Galeraescritor

"Ele sempre foi muito generoso comigo e com os autores da minha geração. Um cara de uma energia admirável. Sentirei falta dele, mas foi um grande autor e sua obra está aí"

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