13 de abril de 2010 | 13h37
JOTABÊ MEDEIROS - SÃO PAULO - Ao lançar em São Paulo, na manhã desta terça, 13, uma nova tecnologia de venda de ingressos, o Show Pass, a maior empresa de show biz da América Latina, a Time For Fun (T4F), queixou-se que a indústria de que faz parte - e que se tornou a terceira maior do mundo - poderá sofrer duro golpe nos próximos meses com o fechamento de estádios para reforma.
O Parque Antártica, que abrigou show recente do Guns ‘N Roses (e vai receber o Aerosmith), fecha em junho. O Pacaembu está vetado pela Prefeitura. O Morumbi, caso seja mesmo destinado à partida de abertura da Copa do Mundo, fechará ainda esse ano para a remodelação. No Rio de Janeiro, o Maracanã fecha em setembro e vai abrir só depois de 20 meses.
Fernando Altério, CEO da Time for Fun, disse ao Estado que pediu à gestão de Gilberto Kassab que libere o Pacaembu para concertos de pop e rock por um determinado período, para evitar o blecaute na indústria de entretenimento nacional. "Alguma solução tem de ser dada, porque tá ficando crítica a situação", disse o empresário. "O Anhembi é uma coisa improvisada. Como estádio, a única alternativa é o Morumbi. Notícia de hoje no Estado de S. Paulo diz que o estádio não vai receber nenhum jogo da Copa - não vou dizer que estou torcendo para que isso ocorra, mas não vou ficar chateado. Porque, se o Morumbi fechar para adaptação para a Copa, aí a situação vai ficar supercrítica", afirmou Altério. "Nós estamos fazendo gestões junto à municipalidade na tentativa de, pelo menos, reabrir o Pacaembu para um número limitado de shows. Se a imprensa ajudar a sensibilizar os administradores da cidade nesse sentido, isso será muito importante. Porque daqui a pouco não vai ter mais o que fazer mesmo."
A Time For Fun é proprietária das casas de shows Credicard Hall, Citibank Hall (São Paulo e Rio) e Teatro Abril e operadora no País da Ticketmaster. Ontem, anunciou uma tecnologia exclusiva de venda de ingressos em parceria com a operadora Mastercard, de cartões de crédito, o Show Pass.
Trata-se de um cartão pelo qual o consumidor terá acesso exclusivo a todos os shows realizados pela produtora (que controla 80% do mercado da América Latina). De posse do cartão, cada consumidor pode comprar até 8 tickets em máquinas especiais nos postos de venda. Ele passa o cartão na máquina e recebe um comprovante, com o número do assento e as informações do show. Mas é o próprio cartão que servirá como acesso aos shows, coibindo os ingressos falsos. O espectador não terá mais de pagar pela taxa de entrega, mas paga 20% de conveniência.
O Show Pass está valendo a partir desta quarta, 14, para todos os shows realizados pela Time For Fun (devendo ser estendido também para os musicais do Teatro Abril e arenas de outros Estados, como o Gigantinho, de Porto Alegre). Segundo a Mastercard, vale também para a meia-entrada, limitada ao que será disponibilizado para cada concerto.
Segundo Fernando Altério, a tendência no mercado de show biz é que a compra de ingressos passe dos chamados "meios presenciais" (bilheterias) para os "não-presenciais" (call center e internet). Ele disse que o show recente do grupo australiano AC/DC, no Morumbi, teve os ingressos esgotados em 16 horas e 70% das vendas aconteceram via internet. A nova tecnologia é considerada pelos empresários a mais apropriada para compra pela internet.
Curiosamente, a parceria entre Time for Fun e Mastercard pode trazer prejuízo para uma das empresas do grupo TF4, que é a Ticketmaster (atualmente, essa empresa controla 62% do mercado americano de venda de bilhetes de shows). Se o espectador optar por comprar pelo novo cartão, deixa de pagar pela taxa de entrega, que é a base do lucro da Ticketmaster. "É um benefício para o consumidor, e isso não tem preço. É um benefício tangível e exclusivo", disse Gilberto Cardart, presidente da Mastercard.
Segundo Fernando Altério, a parceria com a administradora também pode ajudar a trazer novos shows para o Brasil. Ele disse que há grandes concertos em negociação, mas só confirmou um: a turnê de Lady Gaga, em estudos para o segundo semestre. Altério disse que o fechamento do Morumbi não é um entrave para a apresentação da cantora. "O show da Lady Gaga não seria para um local dessa magnitude. Seria para umas 30 mil pessoas. Não vejo o show dela para 50 mil, por enquanto, no Brasil. Seu show é um dos que estão em estudo para o segundo semestre."
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