The Killers lança o quarto CD de estúdio em setembro

O suicídio de um amigo saxofonista abalou mas não impediu que a banda redobrasse suas forças

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Por Caio Quero
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NOVA YORK - Quando os quatro integrantes da banda americana The Killers se encontraram para compor as canções de um novo álbum, em abril do ano passado, não imaginavam que o nome escolhido pudesse ser tão profético. Battle Born (algo como nascido da batalha, em tradução livre), o quarto CD de estúdio dos roqueiros de Las Vegas, demorou mais de um ano para ser finalizado e contou com o trabalho de nada menos do que cinco produtores. Originalmente, o título seria uma referência ao estado natal da banda, Nevada, que ganhou o apelido por ter sido fundado em meio à Guerra Civil americana, no século 19, mas ele acabou se refletindo naquele que seria o disco que mais deu trabalho ao grupo em seus dez anos de carreira. "Foi uma batalha terminar. Tivemos que nos esforçar um pouco", disse em entrevista ao Estado o guitarrista Dave Keuning, que fundou o Killers com o vocalista e tecladista Brandon Flowers, em 2002. A gestação do novo disco começou após o reencontro do grupo na versão chilena do festival Lollapalooza, em abril de 2011, depois de um hiato de um ano em que três dos quatro integrantes lançaram trabalhos solos e muitos fãs temeram pelo fim da banda responsável por sucessos como Mr. Brightside e Somebody Told Me. "As pessoas não lembram o quão estranho é ficar viajando sem parar, nós estávamos em turnê praticamente direto por oito anos, sem ter nenhum intervalo significativo", diz o baterista Ronnie Vannucci. "A pausa deu uma sensação de alívio, de relaxamento físico", completa Keuning. Assim que as novas canções foram finalizadas, um novo problema surgiu: nenhum dos produtores que tinham sido sondados podia se comprometer com o disco todo. "Foi uma questão de agenda. Nós esperamos até o último minuto para ligar para eles e todos já tinham compromisso", conta Vannucci. A solução foi dividir a produção com Daniel Lanois, que já trabalhou com U2 e Bob Dylan, e Steve Lillywhite, que produziu Morrisey e Rolling Stones. "Ficamos preocupados se o disco ficaria coeso. Mas ele soa como Killers", diz o baterista.

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Poucos meses antes de o primeiro single do disco, Runaways, ser lançado, um novo baque: o saxofonista Tommy Marth, que havia participado de turnês e tocado em seus dois últimos álbuns, comete suicídio. "(A morte de Marth) talvez tenha nos abalado de uma forma que não tenhamos percebido. É difícil, mas não há nada que você possa fazer", afirma Keuning.O resultado de tantas batalhas é um disco bem menos dançante que Hot Fuss, o primeiro álbum, de 2004, que fez a banda estourar em todo o mundo, e menos pop que o último, Day & Age, de 2008. Longe da atitude e da sonoridade oitentista que fizeram e ainda fazem dançar em festinhas alternativas, o Killers volta agora a explorar uma veia mais roqueira com a qual já havia flertado em seu segundo CD, Sam's Town. Mas os fãs podem ficar tranquilos: os sintetizadores e refrões poderosos que fazem multidões cantarem em uníssono ainda estão lá, mas as referências agora parecem ficar mais do lado do 'heartland rock' americano de nomes como Tom Petty e Bruce Springsteen. "Queríamos ser mais rock e talvez esse seja nosso jeito americano de fazer isso agora", lembra o guitarrista David Keuning. No entanto, ele considera que algumas canções poderiam estar em discos como Day & Age e Sam's Town. "Há um pouco desse 'heartland rock', mas há também mais diversidade no álbum", acrescenta. De qualquer forma, as referências tão americanas e talvez mais comportadas parecem combinar um pouco com o carismático vocalista Brandon Flowers, que no ano passado tornou público o fato de ser mórmon ao participar de campanha publicitária da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a mesma do pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney. O lançamento mundial de Battle Born está marcado para o dia 17 de setembro.

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