Tese afirma que historiografia reduz importância da União Ibérica

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Por Agencia Estado
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Para Roseli Santaella Stella, a historiografia tradicional tende a reduzir a importânica da União Ibérica sobre os destinos de Portugal e, especialmente, do Brasil entre 1580 e 1640. Na tese O Domínio Espanhol no Brasil Durante a Monarquia dos Felipes, defendida na USP e lançada pela Unibero (376 págs., R$ 35,20), Roseli afirma que houve de fato uma dominação espanhola sobre o País durante as seis décadas e que o império português nesse período "sujeitou-se na prática ao mando filipino", apesar de, legalmente, manter a autonomia. A união entre os dois países acontece após um fato que marcaria o imaginário português e brasileiro: a morte, em 1578, na batalha de Alcácer Quibir (Marrocos), de d. Sebastião, que deixava a coroa sem herdeiros. Portugal passaria a ser governado pelo tio-avô de d. Sebastião, o cardeal d. Henrique. Felipe 2.º, rei espanhol, passa, então, a reivindicar a sucessão do reino português, tornando viável uma união tramada por meio de matrimônios entre as famílias reais das duas nações já no século 15. Para Roseli, essa visão de que a Espanha pouco interferiu nos destinos de Brasil e Portugal tem sua origem no Juramento de Tomar, de 1581, em que o rei espanhol garante dar continuidade às políticas lusas no reino e nos territórios, que formavam o segundo maior império global do período. A historiadora argumenta que há fortes elementos para duvidar que o juramento foi cumprido. Também acha que, mesmo mantendo instituições de Portugal e nomeando vice-reis portugueses nas colônias, a Espanha impôs sua vontade e cerceou a liberdade dos vizinhos "governando a distância" e submetendo a burocracia.

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