10 de abril de 2010 | 00h00
No DVD que lança pela EMI, Melhor Assim, entraram nove músicas próprias, entre voos-solo e com parceiros (Edu Krieger, Arlindo Cruz, Lula Queiroga). "Hoje me sinto mais madura para mostrar minhas composições. Tinha vergonha, medo de me expor", conta Teresa, que, com a maternidade (a filha, Lorena, acaba de completar um ano), aprendeu também a encarar com mais audácia seus monstros. "Quando fiquei grávida, passei a ir muito pra casa da minha mãe, na Vila da Penha (subúrbio do Rio, onde ela voltou a morar) e via uma pichação que dizia: "O que você faria se não tivesse medo?" Isso me fez pensar muito."
A coragem serviu também para que ela topasse dançar envolta num boá em A História de Lily Braun, regravação de Chico Buarque e Edu Lobo. E convidasse Caetano Veloso e Marisa Monte para cantar com ela os registros de Festa Imodesta, de Caetano, e Beijo Sem, que Adriana Calcanhotto compôs para Marisa. Elas estão no DVD, de 26 faixas, e no CD ao vivo, versão mais enxuta, com 14 faixas.
O ponto de partida é A Voz de Uma Pessoa Vitoriosa (Caetano/Wally Salomão). "Comecei a cantar em 98 e levei meu trabalho sem a alavanca de TV, rádio. Foi meu trabalho mesmo, sem descanso, sem férias", ela justifica a sensação de triunfo. Paulinho da Viola, gravado por Teresa no CD duplo que a lançou, está presente de novo: Cantando e Coisas Banais (com Candeia). "Sempre tem mais Paulinho pra gravar...", diz. Outras versões são O Que Vier Eu Traço (Alvaiade/Zé Maria), A Felicidade (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) e Orgulho (Waldir Rocha/Nelson Wederkind), sucesso de Angela Maria que aparece num número de estúdio com a mãe, dona Hilda, cantora diletante. Outros convidados são Seu Jorge, Lenine e Arlindo Cruz.
Estaria Teresa se distanciando do samba no qual se criou, e buscando um lustro mais inclinado à MPB? "O samba marca muito. Como diz a música do Luiz Carlos da Vila, que nem carvão e giz. Ao mesmo tempo, o prazer de cantar MPB não pode ser negado a ninguém. Botando tudo junto, as pessoas entendem que é uma coisa só."
A pergunta é mesmo retórica. No show gravado no Espaço Tom Jobim em outubro de 2009, que deu origem ao DVD e parte do CD, ela está acompanhada do grupo Semente, com quem começou a cantar, embora incompleto (Bernardo Dantas no violão, João Callado no cavaquinho, Trambique no surdo); Paulão 7 Cordas, diretor musical, segue a seu lado. À Lapa Teresa continua indo, mas, com Lorena em casa, já não vara a madrugada.
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SATURDAY COME SLOW
Artista: Massive Attack. Álbum: Heligoland. Gravadora: EMI. Preço: R$ 28
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