Temporada em dose dupla da OSB

Superada a crise, Sinfônica e seu novo grupo terão um ano de atrações distintas

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Por Roberta Pennafort e RIO
Atualização:

Passado um 2011 de mais briga (com seus músicos) do que concerto, a Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira anunciou um 2012 de estreias e nomes de destaque internacional, tanto para a OSB quanto para a OSB Ópera & Repertório, o grupo formado por 37 instrumentistas demitidos e readmitidos num período de cinco meses. Para a primeira, hoje com 71 integrantes, sendo um terço de recém-incorporados, virão o premiado maestro norte-americano de origem alemã Andre Previn (em sua primeira passagem pela América do Sul, aos 82 anos) e o pianista palestino Saleem Abboud Ashkar, descoberto adolescente por Zubin Mehta, que o fez solista da Filarmônica de Israel aos 17 anos. Ele abre a temporada, no próximo dia 31, com o Concerto n.º 1 para Piano em Ré Menor, de Brahms. Para a segunda, novidade numa cidade de poucos espaços para a música erudita e sem grupos dedicados ao repertório lírico, foi desenhada uma programação que lhe desse relevância (à época do anúncio de sua criação, o meio musical mostrou-se cético, e a apelidou pejorativamente de "OSB do B"). Seu foco serão óperas no formato de concerto pouco ou nunca tocadas por aqui, caso de O Rei Pastor, de Mozart, e Griselda, de Vivaldi.A programação contará com artistas em ascensão, como a soprano espanhola Saioa Hernández, para quem Montserrat Caballé é a "diva do nosso século, que deveria estar em todos os teatros", e de longa carreira, como a norte-americana Aprile Millo, no passado chamada de "mais alta sacerdotisa da religião operística". Aprile fará a Medeia na primeira audição no Brasil da ópera cômica homônima de Cherubini, que consagrou Maria Callas em 1953. Saioa será a Imogene de O Pirata, de Bellini, já encarnada por Callas e por Caballé."Não queríamos o lugar comum, e sim resgatar um repertório que ninguém ouve, e ser a primeira orquestra especializada em ópera do Brasil. A palavra 'crise' não existe este ano no nosso vocabulário, o que existe é a vontade de fazer sucesso", diz o diretor artístico Fernando Bicudo. "Tivemos uma preocupação grande de dar uma personalidade às duas", explica Pablo Castellar, que divide a tarefa com ele. Os dois assumiram em julho de 2011, com o afastamento do regente titular, Roberto Minczuk, do cargo acumulado - decisão da Fundação OSB que teve como objetivo distensionar a relação com os músicos, deteriorada com a imposição de avaliações de desempenho. A programação entrará no site www.osb.com.br. A temporada começa dia 31 de março, em espaços alternativos, e migra para o Municipal no dia 26 de maio - até lá o teatro estará fechado, por conta do desabamento de três prédios muito próximos, em janeiro. Este ano, a OSB passa a ter série em Brasília, além da de São Paulo. No total, a temporada terá cem convidados, de 21 nacionalidades diferentes.Em julho se comemora o centenário de Eleazar de Carvalho, professor, compositor e um dos maiores nomes brasileiros da regência no século 20, com passagens pelas principais orquestras do mundo.A Osesp abriu sua temporada, semana passada, homenageando aquele que foi seu titular por 23 anos, de 1973 até morrer, em 1996. A OSB, que teve nele um pilar (foi do grupo fundador, diretor artístico e regente por três vezes, totalizando 17 anos), também prepara seu tributo. Será no mês de seu nascimento, no palco do Municipal - o mesmo em que Eleazar, em quatro décadas de atividade, regeu peças de Mahler, Beethoven, Tchaikovsky, Berlioz e Stravinski. O programa sairá de seus preferidos. Imagens de Eleazar regendo serão projetadas. "Ele desenvolveu a carreira partindo do improvável e abriu muitas portas", diz Eleazar de Carvalho Filho, presidente da Fundação OSB. / R.P.

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