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Telmo Martino destila seu veneno em livro

O jornalista autografa hoje o livro, Serpente Encantada, com textos publicados em sua coluna no Jornal da Tarde

Por Agencia Estado
Atualização:

Telmo Martino autografa hoje no Baretto, o bar do Hotel Fasano, os exemplares de seu livro, Serpente Encantada, editado pela Planeta. São 332 páginas do mais puro veneno, compiladas dos textos que Martino publicou no Jornal da Tarde, quando era colunista, nos anos 1970 e 80. Naquela época, ninguém era ninguém em São Paulo se não saísse na coluna de Telmo Martino, diz o jornalista Ruy Castro. Nascido no Rio, Martino conta como veio para a cidade. "Nem me lembro mais se me ofereci ou me convidaram, mas fui trabalhar no Correio da Manhã. Foi lá que surgiu o Balaio, uma página onde todos os repórteres eram livres para publicar o que quisessem. O sucesso foi tão grande que a direção do jornal me colocou com o Daniel Más. Eu escrevia as notas que ele assinava. Quando o José Zaragoza contratou o Daniel Más a peso de ouro, o JT me trouxe para São Paulo para mostrar quem era o verdadeiro autor dos textos que eram creditados a ele." Telmo Martino não tem papas na língua. Fala mal da própria editora. "Deveriam ter colocado um índice onomástico. Afinal, não são todas as pessoas sobre as quais escrevo que interessam a todo mundo. Pelo índice, o leitor já poderia ir diretamente para quem o interessasse." Martino tinha alguns alvos cativos, como Lulu Metalúrgico (o empresário Luizito Villares), Lula Metalúrgico (o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva), Fernando Henrique Cardoso e Eduardo Matarazzo Suplicy. Esse último reagia com serena elegância às diatribes do colunista. "Eduardo era o verdadeiro príncipe, um homem muito fino e inteligente que tinha mais o que fazer do que brigar comigo." Outras pessoas não tinham o mesmo fair-play e muitas romperam com ele. Houve até ameaças à integridade física de Martino. "Um dia recebi um telefonema dizendo que haveria um revólver apontado para mim quando saísse da redação. Era um telefonema anônimo, mas reconheci a voz de um famoso pintor." O cara podia ser famoso na época, mas, pelo visto, não sobreviveu às próprias ameaças, porque Martino, providencialmente, tem um lapso de memória que o impede de lembrar o nome. Escrever com fina ironia sempre foi a marca de Telmo Martino. É um jornalismo que pode até horrorizar a quem reconheça no autor o exercício da razão cínica. Mas é inteligente. Martino credita isso à boa educação. Menino, estudou num colégio francês do Rio. Sempre dominou o francês, mas prefere Londres e a literatura inglesa. O livro, que o alegra, não tem nada a ver com ele. "Foi uma idéia do Washington Olivetto. Não participei da seleção dos textos, nem li." Confessa que teria certa apreensão em reler os próprios textos de 20/30 atrás. Não sabe bem por que, mas reconhece que não possui herdeiros na imprensa brasileira atual - e não por falta de personagens merecedores das suas farpas. Tanto eles existem que são cutucados por Telmo Martino na internet. Quem mais se aproxima dele talvez seja José Simão, mas a serpente encantadora não poupa o discípulo que não é - "Ele é divertido, mas é jornalista de uma piada só. Mudam os personagens, mas a piada dele é sempre a mesma." Serpente Encantadora - De Telmo Martino. Editora Planeta. 336 páginas. R$ 39,90. Baretto/Hotel Fasano. Rua Vittorino Fasano, 88. Telefone: 3896-4000. Hoje, a partir das 19 horas

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