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Tela de Portinari atinge preço recorde em leilão

"Casamento na Roça" foi vendido por R$ 1,4 milhão, no leilão da Bolsa de Artes. Tanto o vendedor quanto o comprador são colecionadores paulistas não identificados

Por Agencia Estado
Atualização:

O óleo sobre tela Casamento na Roça, de Cândido Portinari, foi vendido ontem no leilão da Bolsa de Artes por R$ 1,4 milhão (mais 5% de comissão), preço recorde alcançado num pregão. Tanto o comprador quanto o vendedor são colecionadores paulistas individuais, não identificados pela casa. O quadro, medindo 73 x 61 centímetros, é de 1947, uma das melhores fases do artista e explora um dos temas que mais agradam aos colecionadores. Outras obras do artista podem ter alcançado preço superior na venda entre particulares, mas é nos leilões que se estabelecem os recordes de preços das obras de arte. "Ao lado do futebol e Brodowski, as cenas de casamento são os quadros mais valorizados de Portinari", explicou o diretor da Bolsa de Artes, Jones Bergamin. "Com o lançamento de seu Catálogo Raisonné, que vai acontecer agora na Bienal de São Paulo, mas já está disponível para alguns colecionadores e marchands, ficou mais fácil identificar as obras, o que as valoriza." Além do Portinari, o Vaso de Flores, de Alberto Guignard, também alcançou o preço máximo R$ 750 mil. Segundo a Bolsa de Artes, o resultado do leilão, como um todo, confirmou o aquecimento do mercado de arte- 75 por cento dos lotes foram arrematados-, a tendência de as obras saírem do Rio para São Paulo e das mãos de colecionadores tradicionais, geralmente capitalistas do comércio e da indústria, para novatos, vindos do mercado de capitais. "No total de lotes, Rio e São Paulo dividem igualmente, mas em volume de dinheiro, a proporção é de 30% para cá e 70% para lá", calcula Jones. "Geralmente, quem está começando seu acervo prefere obras mais contemporâneas (como a foto Beggar, de Vik Muniz, que estava no leilão). Mas, como não existe no Brasil uma política nem um hábito de doação de obras aos museus, o colecionador, que passa a vida inteira formando seu acervo, acaba vendendo-o mais tarde, por falta de condições de mantê-lo ou por não ter herdeiros que se interessem por ele."

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