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Teatros ajudam a revitalizar a Praça Roosevelt

Dividindo a mesma calçada, Espaço dos Satyros, Studio 184, Recriarte Bijou e Teatro X transformam a praça no centro de SP numa espécie de off off Bixiga

Por Agencia Estado
Atualização:

Como na canção de Chico Buarque, um "chato dum querubim" parece ter predestinado a Praça Roosevelt, desde seu nascimento, a ser "errada", perigosa, mais concreto do que verde, área de estacionamento e supermercado e não de crianças e pássaros. Mas esse quadro começa a mudar. Parece que o tal querubim foi deposto pelos deuses do teatro. Quatro pequenos teatros ocupam uma mesma calçada da Praça Roosevelt, lado a lado, transformando o local numa espécie de off off Bixiga. A movimentação dos espectadores atraídos pelos quatro teatros - Espaço dos Satyros, Studio 184, Recriarte Bijou e Teatro X - vem afastando a fama de "perigosa" da praça. "Nada como pessoas nas ruas para inibir quem se aproveita do escuro e dos lugares desertos para atos escusos", diz a atriz Dulce Muniz, uma das sócias do Studio 184. Mais que isso, a existência dos teatros vem reforçando o poder dos moradores organizados em torno da Ação Local, ONG ligada à Associação Viva o Centro. Dulce Muniz integrou-se à diretoria da Ação Local. "A Nair é uma mulher muito ativa. A iluminação noturna já foi reforçada, a praça foi limpa, as muretas que separam as árvores da calçada estão sendo derrubadas, o que facilita o policiamento preventivo." Mas é mesmo em torno dos teatros que a Praça Roosevelt está ganhando vida noturna. Numa noite de sábado, a reportagem foi conferir a movimentação. Era noite de estréia no Teatro X da peça Espólio, ainda em cartaz. Noites de estréia costumam ser cheias em qualquer teatro, afinal a maioria dos espectadores é composta de convidados. Não foi diferente no Teatro X, mas não era o único espaço com público. O Espaço dos Satyros tem um barzinho bem aconchegante e todas as mesas estavam cheias. Numa delas, curiosamente, Dulce Muniz, do Studio 184, dividia a mesa com Ivam Cabral, protagonista de De Profundis, em cartaz no Satyros. "Natural, já que somos parceiros de calçada." Um jovem casal de namorados, Rafael Barcot e Ana Ribeiro, comprava ingressos na bilheteria do Teatro Recriarte Bijou. Era a primeira vez que estavam lá. "Cheguei meio ressabiado, mas já desencanei e até estacionei meu carro na calçada." Rodolfo Garcia Vazquez, diretor do Espaço dos Satyros, inaugurado há dois anos, garante nunca "ter visto um assalto ou de ter tido alguma espécie de problema de segurança". A maioria surpreendia-se com a qualidade da iluminação na calçada dos teatros. Antes de mudar para a Praça Roosevelt, o que ocorreu há um ano, o Teatro X funcionava em Santa Cecília. "Lá estávamos numa pequena rua residencial e muito isolados", lembra o ator Régis Santos. "Aqui o fluxo de público é bem maior. A concentração dos teatros acaba beneficiando a todos e também ao público, por conta da movimentação que dá segurança. Eu espero que em breve as pessoas se refiram à nossa calçada como a ´a calçada do teatro´ ou quem sabe a praça dos teatros." Quem também está apreciando a movimentação é o senhor Esdras Vassalo, que há seis anos mantém sua loja Museu do Lar, na mesma calçada, bem ao lado do Teatro X. "Sabe como é, as pessoas estão esperando pelo início dos espetáculos e, depois que retiram o ingresso, sempre dão uma voltinha pela calçada, entram e compram alguma coisa." Além de proprietário da loja, ele é vice-presidente da Ação Local. "Ainda há muito o que fazer, mas a praça já começa a melhorar."

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