Teatro Municipal de São Paulo ganhará anexo em 2013

Os alunos da Escola Municipal de Música serão os primeiros a ocupar a nova construção

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Por MARIA EUGÊNIA DE MENEZES - O Estado de S.Paulo
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Mais de 30 anos separam a ideia de sua realização. Os planos de construir um anexo para o Teatro Municipal já circulavam no fim dos anos 1970, quando Sábato Magaldi era secretário de Cultura da cidade. Mas é só agora, com a abertura da primeira etapa da Praça das Artes, que o sonho antigo ganha materialidade. Os alunos da Escola Municipal de Música serão os primeiros a ocupar a nova construção. Ainda este mês iniciam a mudança para o complexo de 28.500 mil m², que o Estado visitou com exclusividade. "Será a primeira vez que as escolas e os corpos estáveis do Teatro Municipal estarão juntos", aponta Carlos Augusto Calil, titular da pasta da Cultura, responsável pelo projeto no qual já foram investidos R$ 140 milhões. A inauguração oficial só acontece após a transferência das escolas municipais de música e de dança (antiga escola de bailado) para o local. Para marcar a abertura dessa primeira etapa do conjunto, o diretor Antônio Araujo, do Teatro da Vertigem, assina uma montagem de Orfeu e Eurídice. A ópera será encenada no fim de outubro. Como costuma ocorrer em outros trabalhos do encenador, deve primar por um uso não convencional do espaço, transformando a construção em cenário. Quando for concluída, em 2013, a praça integrará os seis corpos artísticos do Municipal: a Orquestra Sinfônica Municipal, a Orquestra Experimental de Repertório, o Quarteto de Cordas, o Coral Lírico, o Balé da Cidade e o Coral Paulistano. Hoje, eles se encontram dispersos pela cidade. "Isso porque o Teatro foi concebido para ser apenas uma sala que recebia montagens estrangeiras. Não se previa que ela produzisse espetáculos nem tivesse corpos estáveis", observa o secretário de Cultura. A construção do complexo, portanto, terá a função de desobstruir a pauta da casa lírica, erguida em 1911. Os ensaios, que atualmente ocorrem no palco projetado por Ramos de Azevedo, poderão ser transferidos para salas do anexo. Elas reproduzem as dimensões e a acústica do edifício centenário, esclarece Marcos Cartum, arquiteto que é um dos autores do projeto, ao lado de Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, do escritório Brasil Arquitetura. Uma etapa que já está pronta e em breve será aberta ao público é o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Quando as obras da Praça das Artes começaram, em maio de 2009, foi demolida a maior parte dos imóveis entre a Praça Ramos de Azevedo, a Avenida São João e as Ruas Conselheiro Crispiniano e Formosa. "Eram construções de péssima qualidade, com um desperdício imenso do potencial construtivo da região", explica Cartum. "O projeto procura enfrentar isso para ser um indutor de transformação em todo o entorno." Apenas sobraram de pé algumas construções emblemáticas da quadra, em torno das quais se organiza a proposta. Caso, por exemplo, do Cine Cairo. Desse cinema dos anos 1930 conservou-se apenas a fachada, que agora serve de pórtico a um dos edifícios da praça. Já o conservatório, edifício do fim do século 19, foi inteiramente restaurado. "Trata-se da única sala de concerto de câmara de São Paulo", lembra Calil. Segundo ele, o espaço deve ter programação independente do Municipal - terá inclusive um diretor próprio. Também deve abrigar, no andar térreo, um museu, mescla dos acervos do Teatro e do Conservatório, primeira escola de música da cidade, que teve professores ilustres, como Mário de Andrade. "Os planos de se criar o Teatro Municipal surgiram dentro do conservatório." São duas pontas de uma mesma história, até então apartadas, que começam a se encontrar.

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