Teatro da USP recobra fôlego profissional

A Arrombada, que estréia amanhã, e A Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, em cartaz no dia 29, são as peças que comemoram os 25 anos do Tusp

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Por Agencia Estado
Atualização:

Está nascendo em São Paulo a nova cara do teatro universitário. O Teatro da Universidade de São Paulo (Tusp), que ocupa o histórico prédio em que funcionou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, na Rua Maria Antônia, em Vila Buarque, completa cinco anos. E faz festa com duas produções. A primeira, que entra em cartaz amanhã, é A Arrombada, farsa à moda da commedia dell´arte escrita pelo dramaturgo do grupo, Antônio Rogério Toscano. A segunda, que poderá ser vista a partir do dia 29, é A Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, clássico de Gil Vicente adaptado pelo ilustre crítico e teórico teatral Décio de Almeida Prado (1917-2000). O Tusp foi criado oficialmente em 1976, e está festejando de fato seu 25.º aniversário. O que ocorreu há cinco anos foi a instalação da trupe no prédio da Maria Antônia e a reconfiguração da equipe. O diretor do Tusp, Abílio Tavares, explica a complicada trajetória. "O Teatro da USP teve várias fases. É uma história complicada. Quando assumi sua direção, em 1989, li mais de 52 processos administrativos para entender o que aconteceu." O primeiro Tusp surgiu nos anos 50, e gerou o grupo Os Jograis de São Paulo, de Ruy Affonso. O segundo tempo do Tusp e, de acordo com Tavares, o mais brilhante, "veio nos anos 60, sob a direção de Flávio Império, que montou com a equipe Os Fuzis da Sra. Carrar, de Brecht, e supervisionou outra peça do autor, A Exceção e a Regra, que Paulo José dirigiu". Essas experiências não tiveram continuidade. Só em 1976 o Tusp ganhou vida legal. E, por iniciativa de Sábato Magaldi, então secretário municipal de Cultura, passou a funcionar no auditório da Biblioteca Infantil Anne Frank, no Itaim Bibi, onde permaneceu por 20 anos. O primeiro diretor do Tusp foi Décio de Almeida Prado. Porém, diz Abílio Tavares, "ele não conseguiu implantar o projeto que pensou para o grupo, e depois de um tempo saiu". Grupo e oficinas - O Tusp entrou em longo período de inexpressividade, do qual começou a sair no início da década de 90. Hoje tem sede própria e um grupo em fase de profissionalização, integrado por 14 atores. Promove ainda oficinas de teatro freqüentadas por 120 integrantes divididos em três turmas. O programa das oficinas é anual, e seus participantes atuais foram selecionados de um grupo de 500 inscritos. "O Tusp não é uma escola de teatro", afirma Tavares. "Nossa idéia, desde o início, foi criar um projeto de teatro cidadão, um espaço em que não atores pudessem trabalhar com teatro, desenvolver pesquisas e experiências de linguagem." Agora o Tusp entra em nova fase. Além das oficinas, que seguem funcionando a todo vapor, a trupe ganha relevo. O Grupo Tusp, que vai apresentar A Arrombada e A Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, "surgiu como parte desse grande projeto de oficinas", diz Tavares. "Depois se destacou dele, ganhou outras características, fôlego próprio. Agora está em fase de profissionalização. Todos os atores têm empregos extrateatrais. Ensaiamos à noite e nos fins de semana. Até o fim do ano, nossa intenção é que os intérpretes possam deixar seus empregos para viver exclusivamente de teatro." Tavares observa que o Tusp ressurgiu buscando "a identidade do teatro universitário nos anos 90, que sabíamos não ser mais a dos anos 60, quando estava engajado na resistência política". A procura desse papel prossegue. O Tusp, que iniciou atividades com a produção de A Prova de Fogo (peça de 1968 em que Consuelo de Castro conta a história da ocupação do prédio da Maria Antônia pela polícia, depois de um conflito entre os estudantes da USP e os do Mackenzie), seguiu uma trajetória menos política, mais experimental. "A continuidade é fundamental", diz Tavares, que pela quinta vez trabalha com um texto de Antônio Toscano. E, pela quarta vez, com o compositor Pedro Paulo Bogosian. "Tanto os atores quanto os técnicos estão aprendendo juntos. Acho que estamos reunindo condições para voltar a viver, no Tusp, uma fase tão significativa quanto a que foi desencadeada por Flávio Império, nos anos 60." A comédia é a linguagem que está sendo investigada pela companhia agora. Por isso, os espetáculos que comemoram o aniversário da equipe são A Arrombada e A Farsa de Inês Pereira. A Arrombada, - 4.ª e 5.ª, 21 h. A partir de amanhã. A Farsa de Inês Pereira - 3.ª, 21 h, e 4.ª, 20 h. A partir do dia 29. Ingressos a R$ 12 e R$ 6 (meia-entrada). Tusp (R. Maria Antônia, 294, tel.: 255-5538).

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