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Tate Modern chama Osgemeos e Nunca para pintar fachada do museu

Por FERNANDA EZABELLA
Atualização:

A famosa fachada da Tate Modern, virada para as águas do Tâmisa, em Londres, deixará sua cor amarronzada e ganhará um toque brasileiro a partir de maio, quando os artistas paulistanos Osgemeos e Nunca participam da exposição Street Art. Será a primeira vez que a fachada do museu, uma antiga estação de energia às margens do rio, será usada como suporte para uma exposição, segundo os organizadores. Outros quatro artistas dividirão o espaço com os brasileiros, na mostra de 23 de maio até 25 de agosto: Blu (Itália), Faile (EUA), JR (França), Sixeart (Espanha). Os irmãos Otavio e Gustavo Pandolfo, 34 anos, conhecidos como a dupla Osgemeos, viajam em meados de maio para Londres, onde ficam uma semana para pintar o espaço de aproximadamente 20 metros por 7 metros. "Queremos fazer um personagem, de cima a baixo, um gigante, para ter um impacto", disse Gustavo à Reuters por telefone. "Não sabemos ainda os detalhes, se o gigante vai estar vestido, pelado, com alguma máscara. Isso só vamos decidir na hora." Nunca, codinome de Francisco da Silva, 25 anos, também não sabe ao certo o que fará em seu espaço na Tate, mas promete postar fotos do processo de pintura diariamente, a partir de 8 de maio, em seu blog (nunca1.blogspot.com). Enquanto Osgemeos ficaram famosos pelos personagens coloridos grafitados pelos muros de São Paulo, como retirantes descalços ou crianças brincando, Nunca ganhou seu público com grafites de traços geométricos e temas influenciados pela arte indígena e cultura sul-americana. Ambos artistas foram convidados para a mostra londrina pelo curador Cedar Lewisohn, que foi encontrar os três pessoalmente na Escócia, onde eles pintavam um grande castelo em 2006. Ainda este ano, Nunca terá exposições em Portugal, México, Londres novamente, Alemanha, EUA e em três espaços em São Paulo. OSGEMEOS AJUDAM PALHAÇO RUSSO Osgemeos também terão um ano agitado. No momento, eles estão há um mês em uma cidade perto de Paris, pintando por dentro e por fora um edifício antigo, que o palhaço russo Slava Polunin, do show SnowShow, usa como "centro criativo". Depois de Londres, em julho, a dupla fará sua maior exposição individual, em Nova York, na galeria Deitch, onde eles já haviam exposto em um espaço menor em 2005. "Vamos levar pintura, escultura, instalação, algumas coisas ligadas à música também", disse Gustavo. Está prevista a exibição de uma obra que já passou por uma mostra na Holanda, feita de madeira e ferro, com um personagem de cabeça grande em cima de um carro. Os visitantes podem entrar no carro, forrado de vermelho, como se entrassem também no peito do corpo do boneco. Haverá também outra individual de Osgemeos, desta vez no Brasil, no final do ano, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Osgemeos caíram no mundo em 1999, quando começaram a viajar para exposições na Alemanha e França, além de trabalhos para empresas como a Nike. Eles também passaram nos últimos anos por Tóquio, Estados Unidos, Grécia, Espanha, Suíça, Itália e Cuba. Por aqui, seus personagens já haviam virado parte da paisagem paulistana nos anos 1990, apesar da primeira individual em galeria só acontecer em meados de 2006, na Fortes Vilaça, que negocia artistas como Vik Muniz e Nuno Ramos. "Para cada lugar que a gente vai, é uma escola, é um mundo diferente. Mas também às vezes não é preciso ir muito longe", disse Gustavo, que recentemente fez um trabalho em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco, com o músico Sibá. "O pessoal lá nunca tinha visto grafite, todo mundo pedia para a gente pintar as casas deles", disse. "O Brasil é um lugar que a gente quer descobrir ainda. Temos que viajar pelo Brasil, tem muita coisa para ver, ensinar e aprender."

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