"Survivor" agrupa participantes por etnias e gera polêmica

O apresentador do reality show da CBS, Jeff Probst, disse que os 20 concorrentes foram divididos em quatro grupos porque o programa foi criticado por não mostrar diversidade étnica

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Por Agencia Estado
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O anúncio de que a 13.ª edição da série de TV da CBS "Survivor" vai agrupar seus participantes por etnias abriu um debate sobre até que ponto a segregação pode ser uma forma de entretenimento e elevar os níveis de audiência. A CBS informou sobre a mudança no formato do reality show no fim de agosto. Agora, os 20 concorrentes serão divididos em quatro grupos: brancos, negros, latinos e asiáticos. Os "sobreviventes", que disputam US$ 1 milhão, atualmente estão na ilha Cook no sul do Oceano Pacífico, território administrado pela Nova Zelândia. A nova temporada de "Survivor" começa a ser exibida nos Estados Unidos no dia 14. O apresentador de "Survivor", Jeff Probst, disse que a idéia surgiu depois que o programa foi criticado por não mostrar diversidade étnica. Probst acredita que o novo formato é "perfeito para ´Survivor´", mas a idéia é realmente "arriscada". Quem critica a nova proposta argumenta que a meta do programa não seria promover a diversidade, e sim a divisão. Ativistas e políticos, por sua vez, qualificaram a proposta de absurda e segregacionista, durante um protesto esta semana, em Nova York, em frente à sede da CBS. "Pedimos à CBS que cancele o programa. Sabemos que a sua audiência vai subir, mas também vai causar muita violência na nação e divisão entre os grupos étnicos", disse Fernando Mateo, um dos ativistas hispânicos que participaram do protesto. As acusações à CBS de pretender elevar a audiência aproveitando-se de um tema sensível, como a tensão entre raças, de acordo com artigos publicados tanto nos principais jornais internacionais quanto em dúzias de "blogs" na internet. O próprio site da CBS divide opiniões. Para uma pessoa que se identifica como Fartknocker2, "se a equipe dos negros ganhar o programa, a idéia será considerada grandiosa", mas "se perder, será tachada de racista". Para outro internauta, Avigil2, "má publicidade é boa publicidade" e "a CBS sabe o que faz".Lloyd Garver, um colaborador do canal, diz no site que "o desejo de obter publicidade e audiência provavelmente teve alguma influência no processo criativo" dos produtores. Reação dos competidores Os participantes de "Survivor" tiveram diferentes reações quando souberam que seriam divididos por sua "raça". O asiático Yul Kwon, por exemplo, se preocupou com a possibilidade de que o programa "se transforme em algo que reforçará os estereótipos". Segundo Probst, é "natural" imaginar que cada "tribo" será apoiada pelo público de seu grupo étnico. Alguns fãs do programa opinam que o tom da discussão é um exagero. Eles questionam por que não houve polêmica nas temporadas passadas da série, quando as equipes foram divididas por sexo e idade. "É incrível que as pessoas falem de racismo e não tenham reclamado de sexismo nas temporadas anteriores", diz um deles, Dcs17, no site da CBS. "É só um programa de televisão e é assim que deve ser encarado", acrescenta. O especialista de televisão do jornal "Santa Monica Mirror", Sasha Stone, considerou a nova temporada de "Survivor" "uma aposta arriscada da CBS para ganhar audiência". General Motors cancela contrato com ´Survivor´ Os riscos já começam a aparecer: o principal anunciante do programa, a General Motors, anunciou que não vai patrocinar a série esta temporada. Mas garantiu que sua decisão "não está relacionada" com a polêmica e que já havia sido tomada meses atrás. Outros anunciantes de temporadas anteriores, como Coca-Cola, Home Depot, United Parcel Service (UPS) e Campbell Soup, também informaram que não vão patrocinar a série, negando da mesma forma que a suspensão do patrocínio esteja relacionada com o novo critério dos produtores. Para os críticos, falta ver até onde a televisão pode chegar. Sobretudo, saber se as divisões raciais de "Survivor" serão só um precedente para outras igualmente polêmicas, como as religiosas ou por classes sociais. O programa "Survivor", criado pelo norte-americano Mark Burnett, foi o grande responsável pela onda de reality shows. Inspirou, entre outros, o brasileiro "No Limite", exibido pela Rede Globo em 2000.

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