Em vez de ver a internet como um espaço que rouba leitores do jornal impresso, perceber as possibilidades que ela cria para agregar conteúdo. Em bate-papo sobre a diversidade de pautas nos cadernos culturais, na manhã de ontem, no Fórum das Letras de Ouro Preto, as jornalistas Laura Greenhalgh, editora executiva do Estado, e Mànya Millen, editora do Prosa & Verso, do Globo, destacaram a expansão para a rede da cobertura dos suplementos de livros no século 21."Quando criamos o Sabático, não tivemos a intenção de reeditar o Suplemento Literário. Ele é nosso Suplemento Literário dos tempos da internet", disse Laura, referindo-se ao atual caderno de livros do Estado, lançado em março deste ano, e ao criado por Antonio Candido em 1956 e que se tornou referência entre cadernos voltados à literatura no Brasil. Para explicar a diferença, a editora executiva citou casos recentes como a entrevista com Philip Roth, feita pela jornalista Lúcia Guimarães, publicada no papel com chamada para a internet, onde era possível assistir a um vídeo gravado com o escritor. "É um espaço a mais. Colocamos no blog tudo o que não cabe no papel", concordou Mànya.As jornalistas ressaltaram ainda a expansão do mercado editorial, com um número crescente de lançamentos e de novas editoras, além de eventos literários cada vez mais frequentes - o que enriquece a cobertura. "As grandes editoras têm um grande fluxo de lançamentos importantes, mas procuramos olhar também para as pequenas, que por vezes publicam títulos importantíssimos que poderiam passar despercebidos", disse Laura.