Supergrass promete bons momentos no Campari Rock

A sonoridade que o grupo britânico imprime no novo CD, Road to Rouen (Parlophone/EMI), tem muito dos elementos perseguidos por todas as bandinhas que o sucederam

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Por Agencia Estado
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É mais do que provável que o Supergrass cante Alright no show que fará neste sábado, a partir das 23h15, no Campari Rock em Atibaia, a 65 quilômetros de São Paulo Daí que um verso como We are young, we run green pode soar datado quando se passa para o bloco dos trintões e tal... Mas a passagem do tempo não tem efeito pesaroso na evolução do grupo em uma década (tempo também que separa a primeira da segunda vinda ao Brasil). A sonoridade que o grupo britânico imprime no novo CD, Road to Rouen (Parlophone/EMI), tem muito dos elementos perseguidos por todas as bandinhas que o sucederam. Mas, mesmo com todo rock, todo dilema, com a cara dura, eles já tinham isso de antemão e agora voltam com tudo em cima. Sem perder o vigor, Road revela sinais de maturidade, é firme nos propósitos, tem personalidade nas letras, na produção, nos arranjos e apóia-se em soluções de aparente simplicidade. O roteiro de canções sugere uma espécie de viagem, não apenas por paisagens que alternam de cor e clima, mas por diferentes texturas sonoras, que incluem cítara, ukulele, sopros cordas, bateria eletrônica. Lado mais denso misturado ao bom humor Há um retorno ao seu lado mais denso, reflexo dos problemas pessoais que a banda enfrentou nos últimos anos, mas não sem respiros de diversão. Se abre com a pompa de Tales of Endurance, Pts. 4, 5 & 6 - que começa calma, meio folk/psicodélica, varia de andamento e timbres até explodir num rock vigoroso -, o álbum equilibra o clima com o humor de Coffee in a Pot. Apenas com um ?hey? pronunciado em diversas entonações e sempre engraçado, Coffee é daqueles temas de pop instrumental kitsch-chique, tipo bossa latina com guitarra de surf music, que se encontra em compilações de coquetel dos anos 60. É a mais surpreendente do CD. O contraste também passa pelo tempo de duração. Enquanto Coffee dura menos de 2 minutos, a épica Tales, que remete a Led Zeppelin, com versos pungentes, passa dos 5 e meio. Aqui vale um parêntese: testado em vários aparelhos de diferentes marcas e modelos, o CD apresenta problemas na reprodução desta faixa, em que mais de 3 minutos são cortados no início. A assessoria da EMI afirma que não detectou defeito algum, mas provavelmente isto é conseqüência do dispositivo de controle de cópias que a gravadora adotou contra a pirataria. Enfim, discutir quem está com a razão não vai mudar o destino da humanidade, mas que tem falha tem. A partir da faixa 2 o CD roda normal. É quando entra St Petersburg, primeiro single e uma das mais belas canções do álbum. Movida por uma certa melancolia, é uma das mais claras incursões pelo folk, com um adendo exótico: foi gravada num celeiro na Normandia. Outra que não fica atrás pelos mesmos motivos é Low C, quase perto do fim. Com cerca de 35 minutos de duração, Road to Rouen pode não levar a nenhuma descoberta fantástica, mas, com tantos atrativos a cada parada, é daqueles roteiros que dá vontade de repetir com prazer. Campari Rock. Hotel Fazenda Hípica Atibaia. Estrada de Guaxinduva, 1.145, 4412-3000. Sábado, 15h (www.camparirock.com br)

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