PUBLICIDADE

Studio Stanislavski repassa repertório em SP

Festejando 10 anos, companhia carioca leva quatro peças ao CCSP: Evangelho Segundo N. S. de Copacabana, Eremita, IspírituIncarnadu e William Wilson

Por Agencia Estado
Atualização:

Sediada no Rio, a companhia Studio Stanislavski veio a São Paulo em 1992 para apresentar seu primeiro trabalho Ophelia By Hamlet, um elogiado espetáculo que participou de festivais internacionais. Fundada pela diretora Celina Sodré e pelo ator Miguel Lunardi, a companhia volta à cidade, desta vez comemorando dez anos de existência e trazendo quatro espetáculos de seu repertório. Evangelho Segundo N. S. de Copacabana, Eremita, IspírituIncarnadu e William Wilson ficam em temporada de quarta a domingo no Centro Cultural São Paulo. São espetáculos com algumas características comuns - todos serão apresentados para um público reduzido, entre 15 e 30 espectadores por sessão -, têm textos inspirados em contos ou romances e são fruto de longos períodos de preparação, alguns com mais de um ano de ensaios. A estréia desta quinta-feira, Evangelho Segundo N. S. de Copacabana, foi criado a partir do livro A Fúria do Corpo, de João Gilberto Noll. "Utilizamos fragmentos do romance", diz a diretora Celina, cuja linguagem funda-se no método das ações físicas, criado por Stanislavski e retomado por Grotowski. Celina estudou em Pontedera, na Itália, onde se tornou assistente do diretor Roberto Bacci, um dos parceiros artísticos de Grotowski. "É mais um conceito do que um método. O que fazemos é criar uma dramaturgia física que se superpõe ao texto", explica Celina. No Evangelho, o ator Daniel Schenker está diante de uma mesa cheia de objetos, entre eles alguns crânios, lápis de cor e reproduções de pinturas. "Ele lida com uma série de objetos enquanto narra acontecimentos de sua vida. Chegamos a essa ação baseados na idéia de que ele disseca a si mesmo numa espécie de aula de anatomia, cujo objeto de estudo é o seu cérebro." Na sexta estréiam duas outras curtas performances: Eremita e IspírituIncarnadu. A primeira, interpretada pela atriz Elisa Jarry, leva ao palco na íntegra o conto A Criada, de Clarice Lispector. "É um trabalho fino, sutil, feito para aquele espectador que gosta de filmes iranianos como O Jarro ou Gabbeh" Não é exatamente o caso de IspírituIncarnadu, "o mais performático" dos solos na definição da diretora. "Inicialmente, esse solo não tinha palavras, mas num determinado momento o trabalho nos remeteu ao universo de Guimarães Rosa e usamos cinco frases dele no espetáculo." No sábado estréia William Wilson, espetáculo baseado no conto homônimo de Edgar Allan Poe, cujo tema é o embate de um homem com seu duplo. "É sempre difícil trabalhar com o terror na linguagem do teatro", admite Celina. "Mas aqui trata-se de um terror psíquico e, nesse caso, o teatro dá conta até melhor do que o cinema ou a literatura." Evangelho Segundo N. S. de Copacabana. Adaptação de trechos do livro A Fúria do Corpo, de João Gilberto Noll. Quinta-feira, às 20 horas. Duração: 40 minutos. Até 23/8. Estréia quinta; Eremita. Teatralização do conto A Criada, de Clarice Lispector. Duração: 25 minutos. Sexta, às 20 horas. Até 24/8. Estréia sexta; IspírituIncarnadu. Inspirada em Guimarães Rosa. Duração: 25 minutos. Sexta, às 20h30. Até 24/8. Estréia sexta; William Wilson. Livre adaptação do conto homônimo de Edgar Allan Poe. Duração: 1h15. Quarta e sábado, às 20 horas; domingo, às 19 horas. Até 26/8. Estréia sábado. R$ 10,00. Centro Cultural São Paulo - Sala 4. Rua Vergueiro, 1.000, tel. 3277-3611.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.