O filme Raça e Redenção, da Netflix, é um retrato da profunda contradição que era o racismo institucional americano nos anos 1970, momento em que o país se recuperava dos traumas de uma guerra que colocou brancos e negros na mesma trincheira. Na superfície, as autoridades vendiam o discurso da liberdade e falavam em inclusão, mas na prática vários Estados ainda praticavam ostensivamente a segregação como política pública. Na América profunda conservadora e republicana, a mesma que mais tarde votaria em Donald Trump, a população convivia de forma passiva com a Ku Klux Klan, uma organização infame formada por patriotas armados tementes a Deus e pregadores dos valores da família.
Estopim
O longa tem como estopim uma escola de negros na Carolina do Norte que pega fogo. A cidade é dominada por brancos e a Klan deve, então, decidir de forma “democrática” se os alunos negros ficarão para trás ou serão integrados à escola de brancos. Uma vez instalado o debate, vemos a desconstrução de um racista convicto que se aproxima da líder do movimento pelos direitos civis.
Ideal de felicidade
Raça e Redenção
constrange o ideal do modo americano de felicidade ao mostrar como esse sonho passa pela exploração e intolerância. A produção se passa em 1971, quando o racismo ainda era legal em Durham, na Carolina do Norte.
Ódio para dar e vender
A internet era um faroeste quase sem lei quando, em 2012, um sujeito despontou nas redes e ganhou muito dinheiro praticando a pornografia da vingança de forma ostensiva e zombando da cara das autoridades. Na minissérie documental O Homem Mais Odiado da Internet, da Netflix, somos apresentados a Hunter Moore, um jovem de 20 e poucos anos que se orgulhava de arruinar a vida dos outros. E pior: ele tinha milhares de seguidores.
Ódio - 2
A produção teve como base uma reportagem da rede britânica BBC em 2012, quando Moore ainda estava na crista da onda e gerenciava um serviço com 100 milhões de acessos e uma renda mensal de US$ 25 mil sem fazer absolutamente nada além de expor pessoas.
Referências
Hunter dizia na cara dura que sua missão era mesmo estragar a vida das pessoas, chegou a se comparar a Charles Manson e se autoproclamou o “rei do revenge porn”. A série acompanha a mãe de uma das vítimas após Moore compartilhar fotos de sua filha nua na internet. O canal que ele criou era o site IsAnyoneUp, focado em conteúdo explícito masculino e feminino sem consentimento das vítimas.
Bizarro
O mais bizarro dessa história é que a popularidade de Hunter subia conforme ele aumentava a lista de vítimas. Ele tinha seguidores fiéis que idolatravam a misoginia e praticavam toda sorte de discurso de ódio em seu fórum. O hater profissional agia à luz do dia sem ser punido por seus crimes – e expunha as vítimas, que se reúnem para tentar impedir que ele continue destruindo vidas.
Tiro, porrada e bomba
Filme mais caro já produzido por uma plataforma de streaming, Agente Oculto, que custou US$ 200 milhões à Netflix, é uma sopa de referências que mistura o MacGyver, de Profissão: Perigo, com James Bond e Tom Cruise, de Missão Impossível, passando pela sequência de Jason Bourne. O que importa é a ação. E, nesse quesito, Agente Oculto esbanja, apesar do excesso de lutas corpo a corpo.