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Sr. Bilheteria

Bruno Mazzeo está na novela das 7, prepara monólogo e roteiro do novo filme, mas a hora da verdade é com E Aí, Comeu?, que estreia amanhã em 550 salas

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Seu nome é trabalho. Bruno Mazzeo não para. Nas últimas semanas - e dias -, ele tem percorrido o Brasil divulgando o novo longa, E Aí, Comeu?, que estreia amanhã, mas só consegue fazer isso nos intervalos de gravação da novela das 7. "Todo dia são páginas e páginas de texto para decorar", ele conta. Como se não bastasse, Bruno começa a escrever o próximo filme e tem uma peça engatilhada. O segundo semestre promete ser ainda mais agitado.Tem sobrado tempo para curtir o sucesso? "Vou contar uma coisa, juro. Claro que fico contente, mas não tem essa de deitar sobre os louros, de curtir a fase. Foi uma lição de meu pai (Chico Anysio). Ele trabalhou a vida inteira, nunca parou para curtir se um programa ou personagem estava tendo mais aceitação que outro. Ele me deu muitas lições de vida. Foi um grande pai, mas essa de trabalho, e criatividade, foi especial. Para ele, não havia frescura nem temperalismo de astro. Sou um trabalhador como os outros. Tenho de respeitar todo mundo no set, seja de TV ou cinema. E de que maneira a gente faz isso? Respeitando prazos, tendo o texto na ponta da língua, dando o melhor de si para que tudo funcione."E as coisas têm funcionado. Após Muita Calma Nessa Hora e o estouro de Cilada.com, Bruno Mazzeo virou o sr. Bilheteria. Prova disso é que a distribuidora Paris, que investiu na produção de E Aí, Comeu? com a Downtown, programou um lançamento de blockbuster de Hollywood. Serão 550 cópias. Para todo lado que você se virar, o apelo será o mesmo - comeu? O filme baseia-se na peça de Marcelo Rubens Paiva. Conversa de boteco, papo de bêbado. Três amigos - Bruno, Emílio Orciollo Netto e Marcos Palmeira - se reúnem todo dia para beber e conversar. Todos têm problemas com as mulheres. Em vez de Quinteto Irreverente ou Os Boas Vidas, um trio de amantes que não dão certo.Um foi abandonado pela mulher, outro tem problemas em casa e desconfia de que está sendo traído, o terceiro relaciona-se com uma prostituta. Embora totalmente ficcional, o filme teve uma motivação pessoal. Tudo começou num carnaval, em Salvador. Bruno e Emílio Orciollo estavam na maior seca, depois de levar o fora. "Estávamos os dois recém-separados e não conseguíamos nos relacionar com essa mulher contemporânea. Eu entrei em outro astral, curtindo os amigos. Não peguei ninguém, mas me diverti muito." E foi entre conversas intermináveis, sobre a fragilidade masculina e a força das mulheres que surgiu a ideia de fazer um filme. Emílio pensava num argumento original, Bruno se lembrou da peça de Marcelo Rubens Paiva.O filme nasceu como um projeto que Emílio e ele levaram adiante. Mobilizaram produtor, diretor (Felipe Joffily). O humor é pé na porta, muitas vezes escroto, os caras são cafajestes, mas não são profissionais. No fundo são românticos, boa gente. "O mais difícil no fim de um relacionamento é a saudade que fica", avalia Bruno. "As lembranças muitas vezes parecem melhores do que foram, é difícil se readaptar à vida de solteiro." A crítica mais fácil de se fazer a E Aí, Comeu? é de que o filme é machista. "Não é, meismo", diz Bruno, carregando no carioquês. Prova disso é que as mulheres, nas sessões de pré-estreia, têm gostado bastante."A mesa de bar funciona como terapia. A gente fica ali se expondo, completamente desarmado. Os homens se identificam, porque mostramos nosso ponto de vista, somos meio crianças. Mas as mulheres, como Dira (Paes) matou a charada, também descobrem o que a gente fala delas", diz Bruno. O filme, ele resume, é sobre homens que se assumem como dependentes de mulheres - "e elas gostam disso." Bruno, o sr. Trabalho, está na novela Cheias de Charme, começa a escrever o roteiro e a preparar Muita Calma Nessa Hora 2 e anuncia que vai montar Sexo, Drogas e Rock and Roll, monólogo do norte-americano Eric Bogosian. O momento é de suspense - o sr. Bilheteria vai confirmar que é o cara? A resposta, a partir de amanhã, será sua, leitor/espectador.

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