26 de agosto de 2010 | 00h00
Ao longo de 255 minutos, Lee, por meio de entrevistas, imagens cruas e tom indignado tece de maneira implacável sua principal tese: não foi a fúria dos elementos a principal causa das mortes e sim o racismo e o descaso das autoridades em relação aos mais pobres.
Ele recorda, por exemplo, que as previsões da meteorologia eram de um furacão de força máxima e nenhuma medida preventiva foi tomada. A parte da população que não tinha como fugir por conta própria foi ficando para trás e transformou-se no mais importante contingente de vítimas. Mostra também que o socorro tardou a chegar e veio de maneira insuficiente, com poucos víveres e medicamentos. Lee mostra cadáveres boiando na água e outras cenas que, tiradas do contexto, poderiam ter sido registradas na África ou em algum país do Terceiro Mundo.
O filme passou em Veneza e foi o grande premiado na seção Horizontes, a mais importante mostra paralela do festival italiano. Na ocasião, Lee comentou a leitura social que fizera da tragédia, acusando o então presidente Bush de descaso: "Ele não mostrou qualquer interesse pela parte desfavorecida da população, fosse ela branca ou negra."
O governo mudou, agora é Barack Obama quem está no poder e Lee volta ao tema com novo documentário, também de quatro horas de duração, chamado If God Is Willing and da Creek Don"t Rise. Desta vez, compara os efeitos devastadores do Katrina aos do terremoto no Haiti e, perto do final, mostra outra desgraça que se abateu sobre New Orleans com o vazamento de óleo da British Petroleum no Golfo do México.
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