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SPFW aposta em quimonos e origamis para reforçar clim oriental

Por MARJORIE RODRIGUES
Atualização:

No ápice das comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil, o São Paulo Fashion Week se esforça para passar uma atmosfera oriental, mas o clima ainda é mais brasileiro do que japonês no pavilhão da Bienal, parque do Ibirapuera. Logo na entrada, onde a oficina do Ateliê Kami Arte convida os visitantes a preencher cerejeiras de MDF com flores de origami, poucos eram os visitantes que se interessavam pela tarefa. A maioria preferia o corre-corre dos desfiles à minuciosa dobra do papel. O papelão que recobre as paredes do segundo e terceiro andares, material presente há várias edições, também foi coberto de motivos japoneses. "Estou achando a decoração uma beleza, adequadíssima," disse a consultora de moda Glória Kalil, que circulava apressada pelos corredores na terça-feira. No centro do pavilhão, uma estrutura com logotipos e luminosos imita os letreiros de Tóquio. "Não sei o que está escrito, mas achei muito bonito este painel. Como oriental, estou adorando," disse Alessandra Takano, na porta de um dos lounges. Ela era uma das muitas moças de olhos puxados contratadas como hostesses do evento. No concorrido lounge da marca de calçados Melissa, cuja coleção "Secret Gardens" tem temática japonesa --embora as criações tenham poucas diferenças das tradicionais--, os visitantes faziam fila para tirar fotos com duas moças de maquiagem pesada e figurino inspirado no cosplay (reproduções de roupas de personagens de animações japonesas). "Parece uma otaku," comentou uma das garotas na fila, referindo-se ao nome que se dá a quem usa este tipo de fantasia. "Acho que está mais para gueixa punk," respondeu a colega, enquanto uma das "gueixas" do lounge oferecia aos visitantes biscoitinhos da sorte -- típicos da culinária chinesa. Nos últimos andares, a grande atração são as peças vindas da Bunka Fashion College -- a primeira escola de moda no Japão, surgida em 1923 e responsável pela divulgação da moda ocidental no país. Yohji Yamamoto e Kenzo Takada, que está no Brasil para uma palestra no Senac no sábado, estudaram lá. A mostra "Olhar da Tradição" exibe três quimonos de casamento, mais longos, vindos da Bunka Fashion College. Os demais, mais leves, vêm do Bunkyo Museu da Imigração de São Paulo e são do tipo que as solteiras usavam para comemorar a maioridade, aos 20 anos. As estampas coloridas chamam a atenção, mas o espectador leigo carece de mais explicações. Em "Olhar Contemporâneo," também com poucas informações, ganha destaque a peça "Dress Camp," da coleção primavera/verão de Toshikazu Iwatani de 2003, que transforma o quimono em um vestido florido leve -- recurso parecido com o que a estilista Patrícia Viera levou à passarela na terça-feira. Se as exposições "oficiais" falham em dar detalhes, a pequena mostra com oito vestidos vermelhos de alunos do Senac tem o processo de produção exposto em um vídeo logo atrás de cada modelo. Em volta, fotografias retratam as ruas do bairro paulistano da Liberdade.

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