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SP comemora 120 anos de Monteiro Lobato

Sesc e bibliotecas programam debates, exposições, leituras e apresentações sobre o autor do Sítio do Picapau Amarelo e sua obra

Por Agencia Estado
Atualização:

Certa vez o poeta Carlos Drummond de Andrade disse: "Monteiro Lobato proporcionou uma infância maravilhosa que a minha geração não conhecera, na falta de boas histórias nacionais para crianças." Os adultos poderão relembrar e os mais novos, fãs da atual versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo na TV, terão a oportunidade de mergulhar no universo do autor a partir de uma série de atividades promovidas pelas bibliotecas Monteiro Lobato, Castro Alves e Chácara do Castelo, além do projeto Reinações de Lobato, promovido pelo Sesc Pompéia. Os eventos prestam homenagem ao autor, que nasceu no dia 18 de abril de 1882. Aproveitando essa data redonda dos 120 anos, as instituições abriram espaço também para a reflexão. A Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato convidou a escritora Tatiana Belinky, o bibliófilo José Mindlin e a pesquisadora Hilda Junqueira Villela para uma mesa-redonda nesta quinta-feira, às 19h30, sobre a importância de Lobato para cultura nacional. Antes do debate as pianistas Thereza Patucchi e Walkyria Passo Claro farão uma apresentação. "A escolha dos debatedores se deu em virtude da paixão de cada um pelos livros e pela proximidade com a obra. Tatiana foi responsável por adaptar a linguagem escrita à televisiva", comenta Oiram Antonini, o mediador. "Monteiro Lobato escreveu sobre diferentes assuntos, pintou aquarelas, fez caricaturas, foi um ser humano eclético, que falava o que pensava." No dia 27, será lançado oficialmente o Circuito Vila Buarque de Educação e Cultura, que agrupa instituições e artistas plásticos para realização de exposições. O evento também marca a volta do jornal Voz da Infância, editado entre 1936 a 1995. Uma entrevista concedida por Lobato a crianças em julho de 1936 será republicada. A Biblioteca Castro Alves convidou a atriz Nice Lopes para contar O Nascimento do Visconde. Já a Chácara do Castelo exibe o vídeo Furacão na Botocúndia - Vida e Obra de Monteiro Lobato. "O documentário traz à tona a trajetória do escritor comentada por críticos, ideal para um público juvenil", afirma a diretora Mônica Peres da Silva. O público também poderá conferir exposições, textos e artigos publicados na imprensa. Todas as atividades promovidas pelas bibliotecas são gratuitas e aberta a todas as idades. O ministro da Educação Paulo Renato Souza aproveita a comemoração pelo Dia Nacional do Livro Infantil (também nesta quinta) e o aniversário de Lobato para lançar a segunda edição da campanha Tempo de Leitura, às 10 horas na Escola Estadual Professor Ennio Voss, no Brooklin Paulista, zona sul de São Paulo. A programação conta com a presença de escritores como Lygia Fagundes Telles, entre outros. A proposta é estimular a leitura, principalmente em família. Tempo de Leitura se estenderá até o dia 25, data prevista para que todas as escolas do País programem atividades voltadas à prática da leitura, dentro e fora da sala de aula. O Sesc Pompéia dá seqüência à programação de Reinações de Lobato, que termina dia 28. As atividades foram idealizadas para atingir não somente o público infantil, como toda a família. Nesta quinta, o jornalista Vladimir Sacchetta ministra uma palestra às 20 horas, seguida de documentário sobre o autor. Sacchetta é co-autor da biografia Furacão na Botucúndia. Legado - "A idéia é mostrar a personalidade múltipla e pouco conhecida de Lobato, tanto na quinta no Sesc como na minha palestra do dia 1.º no Salão de Idéias da Bienal", afirma Sacchetta. O jornalista lembra que Lobato é muito mais que um autor infantil. "Ele era um escritor-cidadão, preocupado com os problemas de seu país, o que pode ser observado no personagem Jeca Tatu. Também possuía um projeto para a formação de cidadãos. Foi essa figura que recuperamos no livro e nas palestras - uma personalidade múltipla e pouco conhecida." A professora da Unicamp Marisa Lajolo comenta que Lobato alimenta o imaginário das crianças até hoje. "A volta do Sítio do Pica-Pau Amarelo para a tevê, com bons índices de audiência, é uma prova. Ele foi o fundador da literatura infantil brasileira moderna e a criou de maneira adequada ao século 20, na América Latina." O Sítio deve ganhar em breve uma versão para o cinema, pela Globofilmes, ainda em projeto.

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