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Soulwax retorna a São Paulo para o Ultra Music Festival

Stephen Dewaele contou ao 'Estado' que deve voltar à Galeria do Rock para garimpar vinis

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

 Para os irmãos belgas Stephen e David Dewaele o que importa é fazer todo mundo dançar. Por isso, eles vivem entre dois amores: os concertistas de eletrônica a quatro mãos denominados de 2 Many DJs e o Soulwax. No primeiro, fazem música para dançar com os pressupostos do rock (e também do punk, da soul, da disco music, do R&B); no segundo, fazem rock orgânico, com instrumentos reais, contrabaixo à frente, com os pés fincados na possibilidade de fazer a pista ferver.

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"É como se fôssemos, ao mesmo tempo, o dr. Jekyll e o mr. Hyde", brincou Stephen Dewaele, em breve conversa por telefone com o Estado na semana passada. "Com os 2 Many DJs, a gente explora o rock em lugares onde o rock não parece existir, mas existe. Sem um, não existiria o outro", acredita Dewaele. O Soulwax tem, além dos irmãos Dewaele, Stefaan Van Leuven, Steve Slingeneyer e Dave Martijn.

Pela quarta vez no País, os dois trazem o Soulwax à primeira edição do Ultra Music Festival. O evento será realizado no próximo dia 3, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (os ingressos custam entre R$ 180 e R$ 210). "Pretendemos tocar para os paulistanos algumas coisas inéditas do disco que vamos lançar só no ano que vem", avisou Stephen.

Como pilotos de picapes, com o 2 Many DJs (também se apresentam às vezes como The Flying Dewaele Brothers), eles já são bem conhecidos. Já têm até uma parceria famosa com o brasileiro Mixhell, projeto eletrônico de Iggor Cavalera e sua mulher, Laima Leyton. E Stephen já andou dando canja na noite paulistana recentemente, no Bar Secreto. Mas com a banda Soulwax é só sua segunda estada.

Em 2006, Stephen dizia que a ida para as picapes tinha como motivação reencontrar o princípio da diversidade e de diversão nas pistas de dança, naquele momento ocupadas por monoteísmos musicais. "Nos clubs, às vezes o DJ só toca drum'n'bass a noite inteira. Depois de 25 minutos, começo a me chatear. É como comer, não gosto de comer sempre a mesma comida."

As contínuas idas e vindas a São Paulo de Stephen resultaram num remix intitulado Batuta Discos, no qual eles fazem uma blitze em cima de uma porção de discos raros de MPB que compraram nas Grandes Galerias de São Paulo: Tom Zé, Caetano Veloso e "até Milton Nascimento", segundo Stephen. "É uma cultura musical muito rica, sempre surpreendente, e os discos dos anos 1960 e 1970 mostram que eles não se tornaram lendas por acaso", afirmou.

Batuta Discos, o mash up, vem acompanhado de uma espécie de documentário em que os Dewaele andam por São Paulo com uma espantosa visão antigringo da Paulicéia, recolhendo imagens de personagens, locais (como vilas operárias, ruínas e esquinas que ninguém nota) com delicada sofisticação do olhar. "São Paulo tem um ritmo de vida dinâmico e original, coisa rara no mundo de hoje", afirma.

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"Para mim, rock e dance sempre estiveram juntos. Se você considera que tocar dance hoje e dizer 'yeah' é fazer essa fusão, você está certo. Mas nós viemos de uma banda de rock, continuamos sendo uma banda de rock depois que fomos para as picapes. Apenas transplantamos a atitude do punk para a pista, o sentimento do rock", disse Dewaele.

As compilações dos 2 Many DJs são sempre festejadas como uma vitória das sucessivas Quedas dos Muros da música pop, revisões fundamentais. "É onde Sugababes se senta próximo do Justice e Robbie Williams passa quase sem ser notado. É onde os Klaxons ganham um percussionista fantasma e onde os fantasmas indie do passado ressuscitam. Gorillaz, Tiga, Hot Chip, estão todos ali", escreveu um resenhista do NME sobre os belgas.

Da última vez que foi à Galeria do Rock, Stephen conta que voltou para Bruxelas com cerca de 150 discos de vinil na bagagem. Deve repetir a dose. "É como uma caça ao tesouro", comemora o músico.

Ultra Music Festival

Sambódromo do Anhembi - Avenida Olavo Fontoura, 1.209

03/12, às 16h (abertura dos portões às 13h)

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Ingressos: R$ 180 a R$ 210

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