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Soprano Felicity Lott faz recitais na Sala São Paulo

Inglesa se apresenta ao lado do pianista Maciej Pikulslki, pela temporada do Mozarteum Brasileira

Por JOÃO LUIZ SAMPAIO - O Estado de S.Paulo
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Ela deixa de lado a formalidade já no início da conversa. "Sim, o correto seria Dame Felicity, mas não vamos nos preocupar com isso, pode me chamar de Felicity mesmo." Em seguida, faz pouco da própria voz, dizendo que compensa o que chama de "limitações" com sua atuação sobre o palco. Mais tarde, diz que está repensando a decisão de não dar aulas. "Sabe qual é, de verdade, o problema? Sou completamente inútil perante uma classe." Conversando com o Estado na manhã de quinta-feira, a inglesa Felicity Lott em nada se aproxima do clichê da diva do canto lírico. Ainda assim, é, desde os anos 70, uma das grandes sopranos do cenário internacional. Um olhar sobre sua carreira a coloca em momentos únicos da história recente da ópera, como a gravação de O Cavaleiro da Rosa feita com o maestro Carlos Kleiber, na Alemanha. Do mesmo Richard Strauss, tem registros também importantes de títulos como Capriccio. Mozart também aparece com destaque em sua discografia - A Flauta Mágica, Cosi Fan Tutte, Bodas de Fígaro. E alista poderia incluir ainda Haendel (Samson, com Raymond Leppar) e uma série de operetas do francês Jacques Offenbach. A lista foge aos padrões. Não há nela os grandes papéis da ópera italiana, Verdi, Puccini; Wagner também está ausente, com exceção de um álbum recente, em que interpreta, acompanhada de um quarteto de cordas, a cena final de Tristão e Isolda. "Não é, definitivamente, algo ideal para minha voz, mas como recusar a possibilidade de interpretar música tão importante?", ela explica - e aceita a descrição de uma escolha de repertório "pouco comum". "Você, no final das contas, precisa ser honesta e assumir que algumas coisas simplesmente não te interessam enquanto intérprete. E esse é um processo interno, nada tem a ver com o mercado." Na lista do que lhe parece interessante, destaque especial têm as canções. Sua discografia registra dezenas de títulos dedicados a autores britânicos, como Delius, Britten ou Elgar, mas ela diz ter predileção especial pelos autores franceses - para não falar dos alemães, Schumann e Schubert em especial. E é essa mistura que ela traz ao Brasil nesta terça e quarta, quando faz na Sala São Paulo dois recitais dedicados ao repértório de canções, ao lado do pianista Maciej Pikulslki, pela temporada do Mozarteum Brasileira. DAME FELICITY LOTTSala São Paulo. Praça Júlio Prestes, s/nº, Luz, 3223-3966. 3ª e 4ª, 21 h. R$ 90/ R$ 220.

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