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Soprano Artemisa Repa e cravista Nicolau de Figueiredo reveem Barroco em recital

Concerto do duo acontece no Cultura Artística Itaim com participação do violoncelista Alberto Kanji

Por JOÃO LUIZ SAMPAIO - O Estado de S.Paulo
Atualização:

Um século e meio de música italiana será revisitado hoje sobre o palco do Cultura Artística Itaim, em concerto do duo formado pelo cravista brasileiro Nicolau de Figueiredo e a soprano italiana Artemisa Repa, com participação do violoncelista Alberto Kanji. Figueiredo explica que a ideia do recital é revisitar, por meio de um recorte temporal que vai de meados do século 16 ao início do século 18, diferentes estilos da música italiana. O programa começa com Claudio Monteverdi ("Si dolc'è'l tormento"), Barbara Strozzi ("Pensaci ben mio core" e "Per un bacio") e Giovanni Felice Sance ("Filli mirando il ciel"). Na sequência, Domenico Scarlatti (sonatas K 490 cantabile em ré maior, K 491 allegro em ré maior e K 492 presto em ré maior e K216 allegro em mi maior) e Antonio Vivaldi (cantatas "Indarno cerca la tortorella" e "Par che tardo"). O cravista conheceu Artemisa no ano passado, quando veio a São Paulo reger a Paixão Segundo São João, de Bach, na Igreja da Consolação. Durante as audições, percebeu que a voz da italiana se prestava ao repertório barroco, ainda que não fosse uma área à qual ela se dedicava especialmente. "Esse repertório pede por uma voz maleável, com volume, mas nunca pesada, atenta à dicção, ao declamar cantando. Isso é fundamental no barroco, a capacidade de declamar, no pulso, no ritmo, pensando em cada palavra. Ela se acostumou rapidíssimo", conta. A princípio, o duo seria acompanhado pelo violoncelista Dimos Goudaroulis, com quem Figueiredo trabalha regularmente e já lançou álbuns como O Tenor Perdido. Um acidente há pouco mais de um mês, no entanto, fez Dimos quebrar o pulso. "Ele é um parceiro especial e, a princípio, resolvi que faríamos o programa sem violoncelo. Mas, no Vivaldi, a ausência do instrumento é estranha. E, por coincidência, conheci o Alberto, que agora se transforma em um novo parceiro", diz. Figueiredo está de volta ao Brasil após três décadas na Europa. Por lá, seu currículo o coloca como uma das grandes autoridades atuais no repertório barroco. Professor de canto no Conservatório de Paris, também ocupou o posto de diretor musical da classe de ópera da Schola Cantorum Basiliensis, em Basel, na Suíça. "Esse retorno tem duas justificativas", ele explica. "Primeiro, quis estar perto de minha mãe, que já está com idade, e isso se coloca acima de qualquer outra necessidade minha. Em segundo lugar, ainda que eu tenha aprendido tanto lá fora, foi aqui no Brasil que eu peguei o gosto pela música barroca, influenciado por professores e artistas como Roberto Schnorrenberg, Roberto de Regina e Helena Jank. É importante para mim poder estar aqui e retribuir tudo que me foi ensinado." Para ele, houve um crescimento grande na pesquisa e interpretação do repertório barroco no Brasil. "Mas ainda precisamos de uma iniciativa contínua, regular. E de um espaço. Estou procurando um local que nos acolha. É um processo lento, mas vai acontecer."

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