
08 de agosto de 2017 | 02h00
Uma das vozes mais impressionantes da música brasileira hoje é a da cantora Juçara Marçal. Se você ainda não ouviu, anote aí na sua lista de “coisas urgentes a fazer”. Ela lançou em 2014 o disco Encarnado, o primeiro trabalho “solo” dela. Entre aspas, pois é um trabalho de banda, compositores, todos juntos. Juçara já participou e participa de vários grupos como Vésper Vocal, A Barca, Metá Metá e as canções ganham um novo significado na voz dela, que tem uma presença vocal tão marcante. Na coluna de hoje, o Nós da Voz, um encontro proposto por ela.
Segunda, dia 7 de agosto, começou o Nós da Voz 2, encontro de cantores e instrumentistas para o improviso livre, usando a voz como recurso sonoro principal do jogo. A primeira edição aconteceu em julho de 2016, no Teatro da Cia do Feijão, na Rua Dr. Teodoro Baima 68.
A voz é o instrumento de Juçara Marçal e, por isso, fiquei curiosa e perguntei como ela começou a cantar. A resposta eu transcrevo inteira aqui. “Tem coisa que a gente começa várias vezes, né? Cantar para mim é uma história que está sempre começando, de alguma forma. Tem aquele momento, quando criança, que você descobre uma brincadeira que lhe dá o maior barato. Eu brincava de cantar. Montava showzinho com os primos e a irmã, ficava ouvindo as músicas do Michael Jackson no rádio e ‘aprendia’ a letra, saía cantando pela casa cada vez que a música tocava! Teve o momento em que eu, na faculdade, comecei a cantar num coro, apenas hobby!... O que eu quero mesmo é me formar em computação... Haha. Depois foi Coralusp, Cia. Coral, Vésper... Caminho sem volta. A computação se perdeu pelo caminho! Teve o momento de cantar como solista, descobertas nos shows que fiz com a Sandra Ximenez, na Barca, nos shows que fiz com o Kiko Dinucci. Chamo de começo cada um desses momentos, porque, em cada um deles, teve um nascimento, uma descoberta para algo que até então não conhecia.”
Tantos começos é uma maneira de sempre aprender, não é à toa que ela é assim.
E a noite de segunda-feira foi mais um começo e nos próximos encontros, outros começos virão. No dia 14 de agosto, o encontro é entre Alessandra Leão, Lenna Bahule e Marcelo Pretto; dia 21, Anna Zêpa e Sandra Ximenez, e, dia 28, Ava Rocha, Negro Leo, Thomas Rohrer e Bella juntos para o improviso livre.
Para Juçara, “as descobertas musicais (e vocais, de forma específica) definem um pouco o caminho que vai trilhando. E, se existe uma força, ela vem dessa vontade de invenção musical e vocal. E cada novo projeto, cada pulo no risco, vão ajudando a entender que voz é essa”.
Que voz!!!
MÚSICA DA SEMANA
'Congênito'
“Se a gente falasse menos, talvez compreendesse mais.” Na semana passada, perdemos Luiz Melodia, que nunca soube o porquê desse nome, que veio de seu pai Oswaldo Melodia e que, segundo ele, morreu sem que ele perguntasse de onde veio Melodia. Como se precisasse explicar... Nós entendemos muito bem!
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