Solange Knowles é a irmã descolada de Beyoncé. Faz pop vintage de bom gosto. Colabora com Kevin Barnes, do Of Montreal; canta para Chromeo e para Theophilus London. Interpreta Dirty Projectors. Leva o cunhado, Jay-Z, para shows do Grizzly Bear. É linda e, além de muito bem-vestida, canta e produz suas músicas. Por essas e outras, ficou na seção café com leite da estante de críticos quando lançou seu segundo disco, em 2008. Ignorar seria impossível; apontar falhas no trabalho, deselegante. Afinal, trata-se da irmã da cantora de r&b mais querida do mundo. Tinha chamado a atenção com o cartão de visitas, Sandcastle Disco. E mesmo com um trabalho mediano, a atitude indie ainda era louvável: a cantora esboçava potencial para ser o sonho de consumo da crítica; um diva indie de pedigree mainstream para os que têm fascínio por Beyoncé, mas não se entregam sem algo para adoçar o hype; um bem-vindo capítulo na novela Jay-Z e Beyoncé, o casal Harry e Kate do reinado pop. Eis que Solange lança True, álbum que se encaixa entre um LP e um EP, e se consagra entre a primeira divisão do indie pop. Trata-se de um trabalho notável, com a ingênua e melancólica Losing You como carro-chefe. A cantora coproduziu e compôs tudo em parceria com Dev Hynes, músico eclético, que transita por vários estilos e tem afinidade com o pop sintético oitentista. Em parceria com Hynes, parece ter consolidado sua maturidade artística. "Aprendi a compor canções que poderia cantar ao vivo com este disco", contou, à Vogue, este mês. "Muitas vezes, improvisei melodias, sem lapidar as letras. Depois, me perguntei o que estava sentindo. Assim, as coisas foram tomando forma."