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Simpósio debate obra de Machado de Assis no Masp

Por AE
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Há pelo menos meio século, quando seus romances foram traduzidos, a obra de Machado de Assis é estudada fora do Brasil. No centenário de sua morte, especialistas em sua obra, estrangeiros e brasileiros, estarão reunidos nesta semana para debater sua literatura, filosofia, liberdade formal e, principalmente, sua modernidade. No simpósio internacional Caminhos Cruzados, promovido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) com apoio do Ministério da Cultura, renomados críticos, como o norte-americano Kenneth David Jackson e escritores como o brasileiro Milton Hatoum, devem apresentar novas teorias sobre a obra do criador de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro. O simpósio, que começa hoje e vai até sexta, no auditório do Museu de Arte de São Paulo (Masp), será aberto com uma conferência do professor Roberto Schwarz, autor de um estudo fundamental sobre o homenageado, Um Mestre na Periferia do Capitalismo (1990). Schwarz já começa com um tema polêmico: Machado de Assis é um escritor local ou universal? Para o leitor estrangeiro, ele certamente figura ao lado de gigantes como Melville, sem necessidade de ter seu nome vinculado ao Brasil, mas, para grande parte dos críticos e ensaístas brasileiros, Machado permanece como um escritor preocupado com questões locais sem deixar de ser universal. Na terça-feira, o transculturalismo de Machado é analisado pelo professor de História da Universidade de Chicago Dain Borges, que o aproxima de Sterne e Soseki para chegar à obra literária do autor de Esaú e Jacó (ele é editor da recente tradução do livro para o inglês). No período da tarde, a visão de dois estrangeiros, a do americano Rodd Garth e a do alemão Thomas Sträter, converge para aspectos pouco explorados no estudo de Machado, entre eles a construção de um novo discurso ético e o olhar fotográfico do escritor brasileiro. Na quarta-feira, a influência estrangeira sobre o criador da Academia Brasileira de Letras é ainda explorada numa palestra de Amina di Munno, professora de Língua Portuguesa da Universidade de Gênova, que identificou marcas da literatura italiana em contos de Machado. Outros participantes vindos de fora, como o escritor chileno Jorge Edwards, a professora e feminista norte-americana Daphne Patai e o ensaísta literário alemão Hans Ulrich Gumbrecht, vão explorar não exatamente esse filão das influências, mas a originalidade dos narradores de Machado, as traduções para o inglês de sua obra e as situações de conflito interno criadas em romances como Dom Casmurro, que continua a render discussões. É justamente sobre os enigmas dessa que é considerada a obra-prima de Machado de Assis que o escritor e diplomata Sérgio Paulo Rouanet fala no encerramento, antes da conferência do francês Jean-Michel Massa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Caminhos Cruzados: Machado de Assis pela Crítica Mundial. Masp. Av. Paulista, 1.578, em São Paulo. Hoje, abertura às 19 h. Inscrições gratuitas. Até 29/8.

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