A região central de São Paulo estava bem tranquila nas primeiras horas Virada Cultural. A tensão no palco da Avenida São João, o MPB/Samba, era para que a cantora Teresa Cristina diminuísse o atraso do início de seu show, marcado para as 18h. Os músicos passavam o som ainda às 18h50, com a plateia ficando impaciente reunida em frente ao palco. Uma pessoa da organização só subiu ao palco para dizer algo à plateia às 18h55, prometendo que Teresa apareceria em cinco minutos. As vaias começaram.
Teresa seria acompanhada por sete mulheres que estavam ali para homenagear Dona Ivone Lara. Ela apareceu 19h05 e pediu desculpas: "Estávamos aqui havia muito tempo, mas precisaram de mais tempo para arrumar o palco. Mesmo não sendo nossa culpa, peço desculpas."
Ela começou então pedindo que a plateia a seguisse em uma oração, chamada Ave Maria Preta, que passa pelas abençoadas Dona Ivone Lara, Dandara, Maria Quitéria e fechava com a frase "agora e na hora de nossa morte, Marielle vive."
Teresa fez então um show impecável, quase um desabafo por sua indignação com a produção nada pontual. Além de Dona Ivone, cantou Zé Keti, Luiz Melodia, Nelson Sargento, Cartola. Não fez o samba mais fácil, não jogou com populismo. Conseguiu reverter a situação antes tensa já no primeiro samba e teve a plateia nas mãos até o final.