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Série "Redescobrindo o Brasil" vira livro

Obra reúne as reportagens de Rebeca Kritsch publicadas pelo Estado entre maio de 1999 e agosto de 2000

Por Agencia Estado
Atualização:

De maio de 1999 a agosto de 2000, a jornalista Rebeca Kritsch percorreu o Brasil. Partiu com um carro (motor 1.6) e um pequeno orçamento mensal para conhecer cidades cujo nome não costuma aparecer nos jornais. Andou, segundo suas contas, quase 50 mil km. No começo, estava acompanhada: uma cadela chamada Severina, que ganhou de presente de seu irmão, Alexandre. Mas, alguns meses depois, Severina entrou no cio. "Tive então de mandá-la para São Paulo", escreve Rebeca na introdução Redescobrindo o Brasil, livro que lança hoje. "Afinal, duas na estrada pensando em sexo o tempo todo seria impossível de administrar." Rebeca, semanalmente, produzia reportagens para serem publicadas no Estado, no ano em que o País comemorava os 500 anos. Foram, ainda segundo seus cálculos, 185 metros de reportagem. "Foi uma oportunidade única, rara na vida de um jornalista. E dela está saindo o meu primeiro livro, um sonho antigo", afirma Rebeca, que ganhou o Prêmio Esso de reportagem em 1995. "Antes dessa viagem, eu conhecia diversos países e muito pouco do Brasil; agora tenho o privilégio de ter conhecido quase todos os Estados do Brasil (faltou o Acre)." Atualmente, Rebeca trabalha em Brasília, como assessora de comunicação da WWF-Brasil, uma organização não-governamental dedicada à ecologia. "Sou assessora para as áreas de Mata Atlântica e água doce; trabalho em lugares onde as pessoas processam micos e seqüestram carbono", brinca. "Já voltei a lugares que conheci durante o Redescobrindo; o bom hábito de ouvir as histórias, problemas e soluções, o que mais fiz durante a série, tem me ajudado muito." No livro, estão publicados 65 dos textos produzidos por Rebeca durante a viagem. O primeiro deles, intitulado Viagra Brasileiro, narra o sucesso de um preparado feito na cidade de Maués (AM), nomeado "kit tesão", feito a partir de pó de guaraná e de xarope de mirantã. Uma das reportagens é dedicada a Sandra Freitas, de 17 anos, miss indígena de Dourados (MS). "Sandra ganhou o concurso em agosto, mas continuou indo à escola, trabalhando na marcenaria do pai e jogando no time de futebol feminino da aldeia", escreve Rebeca. "Devo confessar que depois dessa viagem ficou difícil encontrar um trabalho empolgante nas redações - fora a cobertura de grandes eventos e acontecimentos, principalmente internacionais, que eu já fazia antes de me embrenhar no Brasil", diz ela. A ordem das reportagens não é cronológica: foram agrupadas por temas. O livro também traz um caderno de fotos, feitas por Rebeca e por fotógrafos do jornal. Mudanças - Segundo Rebeca, "deu um certo trabalho" selecionar e editar todo o material produzido. "Optamos por colocar todos os textos no passado, uma vez que eram reportagens e os fatos já haviam acontecido", diz ela. No processo, algumas histórias ficaram de fora, e duas inéditas foram incluídas. "Foi interessante reler o trabalho um pouco mais distante dos fatos e dos lugares; fiquei surpresa de como estão fortes na minha memória." As questões pessoais também ganharam mais força no livro. "Foi uma experiência nova, para mim, contar fatos bastante pessoais, como a morte do meu pai, aflições e gostos; a série tinha um pouco disso, mas o livro tem mais. Achei que não mencionar esses fatos deixaria lacunas na viagem." A autora diz que, desde a publicação da primeira reportagem, recebeu e-mails de leitores, editores e colegas sugerindo que fizesse um livro. "Aliás, um leitor imprimiu todas as matérias, mandou encadernar e me ligou pedindo para autografar. Fez vários exemplares e distribuiu para a família no Natal." Sobre a experiência que teve, ela acha que também viveu "redescobertas": "Pessoalmente, descobri que tenho limites: de velocidade, de resistência, de saúde, de energia, de disposição; como brasileira, que o Brasil merece ser um País desenvolvido e que todas as frases feitas a respeito dele são meias-verdades - e, conseqüentemente, meias-mentiras." O que faria diferente? "Teria parado quando estava cansada demais, talvez umas férias no meio do caminho, e não teria ido pela BR-174, a caminho de Vilhena (MT)."

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