05 de janeiro de 2012 | 09h48
De pé no ônibus, fez as primeiras anotações do que se tornaria, anos mais tarde, a série "Crônicas de Salicanda". "Foi como se eu tivesse aberto uma porta. Percebi que eu tinha puxado um fio de uma meada e que a história tinha várias possibilidades e era muito mais complexa", diz. Passou sete anos construindo o enredo, desenhando esquemas e criando os 31 personagens do primeiro volume - "Os Gêmeos", que a Companhia das Letras lança em 20 de janeiro.
Na França, a série vem sendo publicada pela Hachette, o sexto maior grupo editorial do mundo. Os dois primeiros volumes venderam, juntos, mais de 20 mil exemplares. O terceiro está programado para 2012.
Pauline nasceu no Rio de Janeiro, cresceu e foi alfabetizada na França, voltou ao Brasil no começo da adolescência e foi embora de novo depois da faculdade de jornalismo. A peregrinação talvez se deva ao longo processo de formação e identificação que a filha de uma alagoana e de um francês tem de passar.
Essa confusão linguística é vista também em sua obra. Quando estava aqui, e já alimentando o desejo de escrever, percebeu que seu português não era bom o suficiente e sabia que só seria lida se escrevesse na língua local. Começou então a ler Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Machado de Assis. Travou ainda mais. Seus primeiros livros só foram escritos quando ela já estava de volta a Paris - todos feitos em português e publicados pela Companhia das Letras.
Da França, os três personagens vistos naquela manhã foram transportados para a Floresta de Salicanda. O século 22 já tinha ficado para trás quando a história começa. Nenhuma cidade tinha sobrevivido à catástrofe causada pela sociedade tecnicizada. Algumas pessoas sim.
Jad é um garoto fraco que sofre com enxaquecas e pesadelos. Claris é uma menina que quer viver uma grande aventura, mas acha que este é um privilégio de meninos. Criados por uma empregada e um tutor, já que o pai se recolheu no alto de sua biblioteca em formato de farol quando a mulher desapareceu misteriosamente, os irmãos dividem sonhos, pensamentos e sensações. Há uma livraria chamada Aleph e o livreiro Borges. Há referências a Isabel Allende, a Goya e a Picasso. O cenário é um castelo. Há chuva incessante, animais que se comunicam com humanos, elfos, profecias e mundos paralelos. Quase todos têm dons parapsíquicos e uma missão no Jogo dos Mil Caminhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.