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Senzala vira loja de artesanato

Todas as obras oferecidas pela Geraes Artes Originaes, antiga morada de escravos localizada no Morumbi, em São Paulo, têm ficha de procedência

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma loja de peças de artesanato brasileiro montada em uma senzala restaurada, do início do século 19, é o novo ponto de encontro para quem aprecia objetos de bom gosto. Cada obra tem uma ficha com dados sobre origem e técnicas de produção. Ainda que seja só para conhecer o lugar e ver de perto os artigos em exposição, vale a pena o passeio à Geraes Artes Originaes, na Casa da Fazenda, sede da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, no Morumbi. O espaço será inaugurado oficialmente hoje, mas já funciona em caráter experimental há um mês. "Nesse período vendemos cerca de cem oratórios, feitos com caixinhas de fósforos", conta a advogada Ariane Schlouchauer, uma das três proprietárias. Enfeitados com detalhes coloridos, os oratórios feitos pela artesã mineira Rosalina Figueira são vendidos por R$ 15,00 a R$ 60,00. "O objetivo é divulgar o trabalho de artistas que encontram dificuldades para comercializar sua produção", diz a sócia Tamine Mazin. "As pessoas não querem só os produtos, mas também conhecimento, por isso nossa proposta é oferecer atendimento personalizado e informações sobre cada uma das peças", afirma Ariane. O visitante pode levar uma peça bonita e, de brinde, um pouco de história. Para conseguir cada uma das obras expostas, Ariane, Tamine e Fernanda Daher, a terceira sócia da Geraes, percorreram o Brasil em busca de artigos diferenciados, bonitos e sofisticados. Do Rio Grande do Sul, trouxeram utilitários, como descansos de panelas e porta-vinhos confeccionados com trama de palha de trigo e cestarias de fibra de bananeira. De Mato Grosso do Sul, as empresárias trazem delicadas bandejas de capim- barba-de-bode.Também estão à venda tradicionais bonecas de cerâmica do Vale do Jequitinhonha e obras do pernambucano Mestre Vitalino. Muitas peças também podem ser encomendadas. Tijolos - A antiga senzala, onde está instalada a loja, por si só, é uma atração. Desde a reabertura da Casa da Fazenda, como museu, em 1999, o espaço raramente era utilizado. No passado, a área era ocupada pelos escravos que serviam à casa da primeira fazenda de chá do País, formada em 1813. O madeiramento é todo original, assim como as paredes espessas. "A taipa é feita com esterco no lugar da cal, para dar liga à massa", explica Ariane. Para o piso, originalmente de terra batida, foram trazidos de Minas tijolos do século 18. Os móveis que decoram a loja também são restaurados.

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