"Senhora do Destino" começa com lição de moral

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Por Agencia Estado
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Esqueça as trapaças, chantagens e vilanias de Celebridade. Entrou no ar a corretíssima Senhora do Destino, com seus personagens valentes e bem intencionados. Ontem, no capítulo de estréia da novela, a mocinha da história foi logo avisando: "Eu sou uma mulher direita, mãe de cinco filhos." E Maria do Carmo (Carolina Dieckmann) terminou a frase com o tal "visse?", que os atores da Globo usam sempre que pretendem mostrar um sotaque nordestino. As primeiras cenas impressionam: tomadas de um arbusto ressecado, mescladas com urubus famintos e gente pobre se arrastando por ruas empoeiradas dão à produção um tom quase cinematográfico. Por ali, outra boa lição de moral: Maria do Carmo obriga o filho Reginaldo (Miguel Rômulo) a devolver uma broa de milho que roubou na feira para matar a fome. Mais triste que a cara de choro do garoto, só mesmo o fim trágico da cadela Baleia, atropelada pelo caminhão que levava Maria do Carmo e seus cinco filhos rumo ao Rio de Janeiro, onde a moça encontraria com seu irmão Sebastião (Luiz Carlos Vasconcelos). Ao focar a câmera no Rio de Janeiro da época (1968) o autor Aguinaldo Silva e o diretor Wolf Maya abusam da contextualização histórica. Com o recurso de imagens congeladas em flashes e o auxílio de sósias, a novela mostra momentos de personalidades como o líder estudantil Wladimir Palmeira e o político Carlos Lacerda. Merecem destaque também as menções da visita da rainha inglesa Elisabeth II ao Rio e a decretação do Ato Institucional número 5 pelo presidente da época, Artur Costa e Silva. Nas cenas que retratam os conflitos nas ruas em 1968, a emissora recorreu ao artifício da multiplicação e, assim, reconstituiu as famosas passeatas do período. Também impactante é o retrato que Senhora do Destino faz da ditadura. Sobram cenas violentas: estupro, tiros e prisões são as principais.

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