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Sem Cortes

Comédia de Shakespeare, A Tempestade retorna aos palcos em versão integral

Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Nas últimas décadas, estiveram em voga as "desmontagens" de Shakespeare. O teatro contemporâneo nunca descartou o cânone maior da dramaturgia ocidental. Mas o que os palcos se acostumaram a receber recentemente são adaptações ou leituras muito particulares desse clássico. Foi assim que, nos anos 2000, a tragédia de Hamlet apareceu filtrada segundo o olhar anárquico de Enrique Diaz. E a década de 1990 assistiu à lírica e popular versão de Gabriel Villela para Romeu e Julieta. Marcelo Lazzaratto, contudo, parece colocar-se na contramão dessa corrente. Para encenar A Tempestade, peça que estreia amanhã no Teatro Raul Cortez, o diretor teria prescindido de qualquer ambição personalista. Não optou por apresentar um recorte ou uma visão pretensamente original sobre a comédia do bardo. Ao contrário, dispôs-se a levá-la à cena em versão integral. "Resolvi baixar a minha bola. Não queria recortar. Não era para eu aparecer. Era para mostrar o Shakespeare. E por inteiro", diz Lazzaratto. Em versos. Traduzido por Barbara Heliodora, crítica teatral que é uma das maiores especialistas na obra do escritor britânico, o texto que será encenado mantém os versos decassílabos. Sem fazer concessões a nossos ouvidos desacostumados das rimas e métricas do século 16. O resultado, contudo, está longe do enfado. Com ares de superprodução, a atual montagem não se propõe a imprimir a marca do passado nem nos figurinos nem no cenário - uma grande instalação que adquire múltiplos usos durante a encenação. As tonalidades fantasiosas da peça, que se passa em uma ilha deserta, também não foram suprimidas. E ganharam reforço na trilha sonora, composta por André Abujamra e executada ao vivo.

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