Selton Mello encarna o vilão nos palcos

O ator acrescenta mais um personagem à sua galeria de tipos incomuns: Zastrozzi, vilão da peça que estréia amanhã em SP. Também aparece em três filmes, mas não tem planos para a TV depois dos Normais

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Por Agencia Estado
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Depois de interpretar um personagem completamente desglamourizado (o andarilho e trambiqueiro Chicó, na minissérie O Auto da Compadecida) e um outro excessivamente atormentado (André, o filho de imigrantes libaneses no filme Lavoura Arcaica), o ator Selton Mello, 30 anos completados em dezembro, chegou a pensar que talvez estivesse na hora de viver um galã mais enquadrado, um típico protagonista de alguma novela das oito. Mas ainda não foi desta vez. Selton chega amanhã a São Paulo para apresentar mais um personagem que acomoda-se com perfeição em sua galeria de tipos tão bonitinhos... mas tão problemáticos. Sua nova cria agora atende por Zastrozzi, mesmo nome do espetáculo que estréia às 21h no teatro do Pátio Shopping Higienópolis. Zastrozzi é um melodrama do canadense George Walker, 53 anos, inédito no Brasil. O texto caiu pela primeira vez nas mãos de Selton em 1993. Na época, o ator começou a ensaiar a peça, mas dificuldades de patrocínio e o surgimento de novos trabalhos levaram o projeto para a gaveta. Dez anos depois, Selton decidiu que estava e assumiu a produção e a direção da montagem. "Eu conhecia tão bem o texto que me senti confortável para estrear na direção", disse o ator ao JT, com as duas mãos ocupadas - a direita com um cigarro e a esquerda com uma taça de milkshake de chocolate. "Se fosse um outro texto, com uma outra equipe, talvez eu não dirigisse. Mas a experiência foi tão positiva que agora penso em assumir novos trabalhos de direção". A história de Zastrozzi se passa em 1890, mas a direção cuidou para que qualquer referência à época fosse suprimida. O espetáculo, agora atemporal, lança mão de projeções de slides e de uma ambientação que remete às histórias em quadrinhos. "O autor trabalhou com todos os clichês do melodrama, as perseguições, a mulher fatal, o mocinho contra o bandido. Mas todo este jogo foi subvertido, ele soube brincar com os ingredientes do gênero", diz Selton. Uma das ousadias da montagem foi a utilização da trilha sonora em todos os momentos da peça, seja na forma de música, ruídos ou barulho de chuva. A peça mostra a perseguição de Zastrozzi a Verezzi, um artista a quem o vilão acusa de ter matado sua mãe. "Aos poucos ele se dá conta de que sua revolta tem um caráter unicamente pessoal: Zastrozzi quer eliminar Verezzi porque este afirma ser um líder religioso que tem seguidores e que mantém um canal direto com Deus". Para reforçar o caráter à la Matrix do espetáculo, os atores aprenderam esgrima, truques com cordas e até um pouco de artes marciais. Neste ano em que comemora duas décadas de carreira - o ator começou a trabalhar aos 10 anos, na novela Dona Santa, na Bandeirantes -, Selton não tem planos para a televisão após o término da temporada de Os Normais, que deve sair do ar em julho. Mas o público, pelo menos a parcela que freqüenta os cinemas, não terá muito tempo para notar a ausência do ator. Ele está em três filmes que devem entrar na fila de lançamentos do segundo semestre. O primeiro é Lisbela e o Prisioneiro, de Guel Arraes, rodado no Recife e no qual contracena com Débora Falabella. Depois vem Aurélia Schwarzenega, de Carlos Reichenbach, e Nina, de Heitor Dhalia. Zastrozzi, estréia amanhã no Teatro Folha, no Shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618, tel.: 3823-2323. Sextas às 21h30, sábado às 20h e 22h e domingo às 19h. Ingressos de R$ 30 a R$ 40.

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