
29 de janeiro de 2012 | 03h09
Anita canta ladeada por um poderoso grupo de metais, e dois pilotos de laptop e teclados no outro extremo do palco. A música mais impactante de Anita é 1977, que compôs em 2009 (teve duas indicações para o Grammy) e é também o ano em que nasceu. Pulsante, suingada, encontra Anita fazendo rimas que conectam uma certa intelectualidade universitária ao gueto mais indignado.
Pouca gente passou batida por 1977, a canção. A música foi eleita no site do Radiohead, por Thom Yorke, como uma das "canções para se ouvir longe do escritório" tempos atrás. Chamada para lançar seus discos pelo mesmo selo de Justice, Diplo, Roots Manuva e Aphex Twin, Anita ganhou também as paradas norte-americanas. O New York Times a elogiou. A Rolling Stone também. Mas Anita não se deslumbrou: suas rimas perseguem uma maturidade artística que ela pretende exemplar. Por quê?
"Tem uma coisa que é chave: há aqui um condicionamento - a cultura, a educação, tudo sugere que você nunca vai ser ninguém. É tipo 'louco, nasceste em Maipú, vá à escola, senão não vais ser ninguém'. mas no fundo a gente quer que isso seja mentira. Creio que, na minha família, sem querer, me inculcaram isso. E isso gerou raiva, frustração de acreditar que nascemos para coisas pequenas. Porém, se você propõe e busca, e joga de maneira inteligente, consegue. É isso que está se passando com o hip-hop chileno. Há uma mudança de mentalidade, como fez Bielsa com a seleção de futebol", disse, ao jornal El Mercurio. / JOTABÊ MEDEIROS
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