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Seis espetáculos à procura de muitos aplausos

Semana de novidades nos palcos: coincidências não faltam, embora o melhor seja a diversidade

Por Beth Néspoli
Atualização:

Há quem leia sinais em coincidências. Numa semana de muitas estreias teatrais os que não acreditam em mero acaso podem encontrar elementos para tecer uma trama de desejos, buscas e afinidades entre artistas e suas criações. Depois de cumprir temporada no Rio e de fazer apresentações em diferentes Estados, estreia sábado, 19, no Teatro Anchieta o espetáculo Maria Stuart com Julia Lemmertz e Lígia Cortez nos papéis centrais, numa montagem ‘clássica’, com elenco numeroso, que tem entre seus trunfos a bela tradução assinada por Manuel Bandeira para o texto do alemão Schiller.

 

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Coincidentemente Xuxa Lopes que já dividiu o palco com Renata Sorrah nessa mesma peça de Schiller, também faz sua estreia na cidade, no Tucarena nesta sexta, 18, à noite, numa peça da francesa Marguerite Duras, La Musica. Contracenando com Hélio Cícero, ela agora mergulha numa experiência radical, o reencontro de uma noite de uma mulher com seu ex-marido, que não vê há quatro anos, para assinar os papéis do divórcio, depois de uma separação abrupta.

 

Na mesma noite, Walter Breda celebra seus 50 anos de carreira com a estreia de O Fantástico Reparador de Feridas, texto do irlandês Brian Friel, ‘por acaso’ o mesmo autor de Molly Sweeney, a história de uma cega já levada ao palco por Julia Lemmertz. Desta vez, o autor põe em foco um homem atormentado por um suposto poder de curar as pessoas, dom por ele explorado numa espécie de ‘tenda dos milagres’ com a qual mambemba por pequenas cidades junto com sua mulher (Mariana Muniz) e seu empresário (Rubens Caribé).

 

Esse mesmo ‘show de aberrações’, que perpassa a peça de Friel, se faz presente no texto de Reinaldo Maia Medeia, a Mulher-Fera, inspirado na tragédia da mulher que mata seus filhos para vingar-se da rejeição, que entra em cartaz no Galpão do Folias. Trata-se de uma criação ‘de passagem’ do grupo que prepara um espetáculo a partir do tema do Êxodo. Daí a escolha dessa feiticeira expulsa da civilização grega de volta à sua ‘primitiva’ terra natal para uma experimentação que, dirigida por Dagoberto Feliz, promete ser interessante.

 

Um mesmo tema, a relação amorosa, em momentos díspares, porém interdependentes. Se Xuxa Lopes leva ao palco os traumas do fim de um longo relacionamento, a peça Dinossauros, do argentino Santiago Serrano, traz para a cena o momento mágico do primeiro encontro. Montagem criada em Brasília em 2005, sob direção de Guilherme Reis, já passou por diferentes cidades, entre elas Rio, Londrina, Vitória e Recife. Agora faz passagem relâmpago por Sampa, só quatro dias, a partir desta quinta, 17, no CCBB.

 

O amor também é tema de Safo, texto do fundador dos Satyros, Ivam Cabral, sobre a poetiza grega nascida da ilha de Lesbos. Solo interpretado por Patricia Vilela e inspirado no poema Safo ou o Suicídio, de Marguerite Yourcenar, estreia na movimentada Praça Roosevelt. Se há pontos em comum, o melhor mesmo está na diversidade. Nas diferenças. É só escolher.

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