Sede de banco vira centro cultural em Porto Alegre

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Por Agencia Estado
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O antigo edifício sede dos bancos Nacional do Comércio, Sulbrasileiro e Meridional, hoje pertencente ao grupo Santander, em Porto Alegre, está prestes a se transformar em um dos mais belos centros culturais da capital gaúcha. Construído em 1931 a partir de um projeto eclético do escultor e arquiteto Fernando Corona, o prédio de 10 mil metros quadrados está sendo restaurado e remodelado para abrigar um cinema, dois auditórios, restaurante, cafeteria, livraria, um grande saguão de exposições, além de um palco de vidro sobre os vitrais do teto onde ocorrerão eventos especiais. O Centro Cultural Santander deve ser inaugurado dentro de um mês, na segunda quinzena de agosto, mas os detalhes da programação ainda são mantidos em sigilo pela direção do banco. O Santander está gastando R$ 12 milhões na restauração do prédio tombado em março de 1987 pelo Patrimônio Histórico-Artístico do Rio Grande do Sul. Parte integrante do plano de recuperação de prédios históricos do centro de Porto Alegre, o projeto do centro cultural é assinado pelo arquiteto paulista Roberto Loeb e coordenado pelo gaúcho Ismael Solé. Ele e mais dezenas de profissionais estão trabalhando em ritmo acelerado desde abril para entregar o prédio restaurado no dia 1.º. Toda a fachada externa já foi lavada e o seu rejuntamento refeito. O estuque branco dos rejuntes serve apenas para reforçar a impressão de uma construção feita com blocos de pedra. Na verdade, as paredes são de granilha fixada com cimento branco. O imponente prédio também apresenta um sistema de colunas romanas e gregas, esculturas e capitéis coríntios. "É um prédio eclético, porque mistura vários estilos e supervaloriza elementos decorativos, sem função", afirma Solé. Bienal - Mesmo em obras, o hall do prédio, onde até dois anos atrás funcionava a agência matriz do Meridional, chama a atenção por sua amplitude e beleza. Desse enorme espaço térreo, onde ocorrerão algumas das exposições de artes plásticas da 3.ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em outubro, avistam-se as galerias em estilo neoclássico no primeiro andar e, cerca de 40 metros acima, em direção ao teto central, três blocos de vitrais uma das relíquias da antiga matriz bancária. Eles foram desmontados e enviados para a Casa Conrado, em São Paulo, onde estão sendo restaurados e polidos. Até o início das obras, a área sobre os vitrais era apenas um poço de luz, cercado por tubulações e coberto por telhados de proteção. Agora, a área será completamente transformada, dando origem a um átrio coberto por arcos, onde estão sendo instalados um palco central e duas platéias laterais. Tanto a armação dos arcos quanto a do piso acima dos vitrais serão preenchidas com vidro transparente, dando a impressão de um palco suspenso. Esse átrio será utilizado só em ocasiões especiais, já que está situado numa área privativa do Santander Meridional. Dos quatro andares do prédio, sem contar o subsolo, os dois últimos serão ocupados pela administração e diretoria do banco, como ocorria até dois anos atrás, com uma alteração: as paredes de alvenaria que antes serviam de divisória para os escritórios foram retiradas, assim como os rebaixamentos do forro, reconstituindo a configuração original. "Usamos um conceito novo, que é o casamento da atividade bancária e cultural, convivendo harmonicamente", diz o arquiteto responsável pela restauração. O edifício matriz do Santander Meridional foi construído em 1931 para ser sede do Banco Nacional do Comércio. Posteriormente, abrigou o Sulbrasileiro, que deu origem ao Meridional, privatizado pela União em dezembro de 1997. Em janeiro de 2001, foi adquirido pelo Santander do Bozano Simonsen por R$ 1,3 bilhão. Boa vista - A partir do próximo mês, o Centro Cultural Santander será uma das principais atrações culturais da capital gaúcha. Somente a arquitetura já vale uma visita. Um elevador panorâmico, além de outros convencionais, está sendo instalado no interior do prédio para aprimorar a vista. O andar das galerias será usado para exposições e também terá dois salões de múltiplo uso, onde ocorrerão desde recitais a debates especiais. O subsolo abrigará o restaurante, a cafeteria e uma surpresa: uma sala de cinema com cem lugares dentro do antigo cofre da tesouraria do banco. A programação completa do centro cultural deverá ser anunciada no início de agosto, antes da cerimônia de inauguração. Exposições, espetáculos musicais e mostras de cinema fazem parte do cardápio preparado pelo Santander. A jornalista, crítica de arte e curadora Angélica de Moraes, ficará responsável pela exposição de inauguração.

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